Se não houver amanhã, quero hoje sentir a brisa suavemente tocar em minha face rosada.
Da verde mata sentir o suave olor
E após este dia de tenebroso calor
Sentir na pele as tênues gotículas da chuva, deixando-a completamente ensopada.
Se não houver amanhã, hoje quero gritar, descontando todo tempo que permaneci calada.
Sufocada em meu mundo repleto de trevas e negror
Trancafiada, envolta tão somente por sonhos de horror
Presa dentro de meu próprio psíquico.; solitária, desesperada!
Daria tudo para que hoje, ao menos hoje, pudesse ser finalmente liberta
Solta de minhas próprias amarras, para que possa sair correndo
Se não houver amanhã...
Hoje, na véspera de minha morte, posso dês de já vislumbrar minha cova aberta
Doce cova que me livrará da terrível consciência de ser, nada sendo
Porque finalmente, para mim, não há de haver um amanhã...
Ana Paula Sardinha (10.11.02).
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