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Contos-->Engano Fatal -- 27/08/2002 - 12:08 (Lizandra de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Engano Fatal

Marta era o que poderia se chamar de uma ciumenta inveterada.
Sem limites, estava sempre a vasculhar os bolsos do marido, se o via com um papel na mão logo tomava para ver o que era, se ele estava no telefone corria na extensão e escutava toda a conversa, se era com mulher, o interrogatório era imenso, até que não tendo mais o que perguntar se dava por satisfeita, no computador da mesma forma ficava sempre por ali espiando, não dava uma brecha, se estavam na rua e ele falava com alguma mulher, era escândalo na certa, embora o marido sempre lhe dissesse que não tinha razão de ser.
Mas ela sempre dizia em tom inquisitório e condenando, serem todos culpados até que provassem o contrário.

Até que um dia naquele mesmo ritual de sempre, toda manhã vasculhava as roupas do marido metódica e freneticamente, cheirava e percorria todos os bolsos da sua roupa , querendo encontrar qualquer vestígio que acabasse com sua dúvida dando-lhe certeza da sua insegurança.
Até que colocando a mão no bolso da camisa, encontrou um pequeno pedaço de guardanapo, onde estava escrito com batom, amor, vou aqui, mas volto já.
Ainda olhou para o relógio e viu que já eram 12 horas, achou estranho, mas não parou para pensar, cega de ódio e de ciúmes, Marta desceu as escadas alucinada, pretendia ir até a empresa do marido e armar um escândalo ou fazer coisa pior, mas não foi necessário, ele estava ali sentado à mesa sorridente, sereno e feliz, tão tranquilo, que só percebeu a mulher quando já estava de frente a si, ele tomava café e lia o seu jornal como fazia habitualmente todas as manhãs, ele estendeu os braço oferecendo um gole de café e tentou dar-lhe um beijo como sempre fazia, ainda sussurrou algo que a mulher nem ouviu, pois ela estava enfurecida e gritava exigindo explicações a respeito do que estava escrito naquele papel o marido não entendia nada e a olhava estático, o marido nem teve tempo de ver o tal papel, pois ela partiu numa ânsia para cima do mesmo e o estrangulou, sentado à mesa paralisado, numa expressão ingênua, pura e ao mesmo tempo assustada diante da fúria que havia tomado conta da mulher que o amava, findaram-se seus dias de vida.

Acabado o ato a mulher ficou imóvel diante da cena que acabara de protagonizar, via tudo tão estranho e ao mesmo tempo recobrava os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas, então pode recordar-se da noite anterior e do motivo pelo qual acabava de dar fim a vida de seu próprio amor.
A cena que via contrastava com a noite que tinha passado, o marido ali inerte, os olhos assustados, o pescoço sangrando, era o oposto da noite feliz , a propósito a última da vida dele.
Neste momento observou o movimento na rua e viu que não era um dia de trabalho, as pessoas na vizinhança riam, conversavam, não havia aquele silêncio dos dias úteis daquele bairro tipicamente residencial, tudo se estabelecia na sua mente, era domingo por isso acordara aquela hora, o marido estava em casa e na noite anterior, o sábado, haviam saído juntos, jantado, ido a uma boate e terminado a noite num motel de onde só retornaram já pelas cinco horas da manhã.

Recordou todos os acontecimentos, do jantar apaixonado a luz de velas, da fidelidade que o seu homem havia jurado, de como riam, de toda a felicidade que se irradiava nos seus olhos.
De como dançavam na boate, como a muito tempo não faziam e por fim a noite de amor esplêndida que tiveram com direito a sussurros, gritos e gemidos de ambos, os toques no seu corpo, como seu marido percorria cada centímetro da sua pele, explorando cada poro, com avidez, agilidade e delicadeza, do imenso prazer que sentiram, os deixando extasiados.
Então a sua mente veio uma lembrança esclarecedora e estarrecedora, tendo levantado para ir ao banheiro deixara aquele bilhetinho, escrito no guardanapo, amor, vou aqui, mas volto já.
Aquele pedaço de papel, guardado no bolso da camisa do marido, era seu batom e sua letra, então soltou um terrível grito de horror e lamento e assim, só assim pode ver, pois estava cega de tanto ciúme, que tudo era motivo da sua insegurança que nem ao menos se reconhecia nas próprias letras e batom, tendo assim acabado com o motivo da sua insegurança, seu amor, por causa tão somente da sua estúpida insegurança.

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