Usina de Letras
Usina de Letras
150 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62237 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50636)

Humor (20031)

Infantil (5435)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6193)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Céu azul manchado de sangue -- 27/08/2002 - 21:50 (Barbara Amar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Desde a adolescência sinto-me atraída pela idéia do suicídio. Considero-a por demais romântica e atraente. Muitos, por certo, não alcançarão meu pensamento, mas associo o suicídio ao ato de amar. Já imaginaram morrer por amor ou amando? Gosto disso.

Minha imagem preferida sou eu mesma aos 18 anos, ingênua e romântica, apaixonadíssima por um homem mais velho, bonito, boa situação financeira (o batido clichê), que me ama sinceramente. É o namorado ideal que toda mãe pediu para sua filha. Gentil, envia-me flores, bombons e faz questão de me assistir nos estudos preparatórios para o vestibular. Tudo corre às mil maravilhas. Somos muito felizes e nos preparamos para o casamento.

Sou virgem. Ele me quer assim. Conheci o sexo por suas mãos. Foi meu primeiro namorado e sinto que se agradou por minha pureza e inexperiência. Tem sido um ótimo professor. Não só ensina, como toma as lições com muita severidade. Eu, tanto gostei da matéria que cada vez me dedico com maior empenho. Assim, posso dizer que me diplomei com mérito em felação, coito anal e masturbação. Este último item exigiu da minha parte um esforço redobrado. Não só deveria realizá-lo no professor como também, diária e repetidamente, em mim mesma. É claro que a primeira aula foi ministrada por ele, mas como sou boa aluna aprendi direitinho.

No dia da oficialização do nosso noivado não haverá festa. A meu pedido teremos uma reunião íntima envolvendo apenas nós dois e meus pais, visto que sua família mora em um estado longínquo.
Minha mãe reluta em acatar meu desejo e insiste que eu chame algumas amigas:
- Minha filha, é sua festa de noivado. Recuso taxativa.
Marcamos para as seis horas – hora do ângelus. Ele é pontual.
Espero-o lânguida, à janela, usando um vestido novo, rodado, com um grande decote às costas. Meu cabelo é muito curto, tipo Joãozinho, com as costeletas penteadas para frente. Cabelo de garoto num rosto de menina e corpo de mulher.

Finalmente o vejo caminhando pela calçada. Estou tão feliz. Esperei tanto por este dia. Desde que notei haver reciprocidade em meus sentimentos arquitetei, com esmero, o plano que passarei a execução.
Quero surpreendê-lo com um presente especial – MINHA VIDA. Daí que me escondo no vão da janela aguardando-o. Com o ritmo cardíaco acelerado observo-o aproximar-se. Mais e mais. Agora está bem perto. Sou toda amor e emoção. Enfim. Antes que adentre o edifício, rápida, subo à janela e com forte impulso jogo-me a seus pés!

Que maior prova de amor poderia ele almejar? É minha vida que lhe estou dando de presente.
- Aceita, meu querido. Recebe sua menina virgem que esperou a vida inteira por você. Apesar de abençoada por uma infância sem problemas nem traumas só se sentiu realmente feliz quando lhe conheceu. E assim, como expressão máxima desta felicidade jaz morta para você. Só para você.

Em minha fantasia morro fitando o azul do céu. Estamos no verão e o firmamento é um quadro de rara beleza; o azul dominando o alaranjado, a bola de fogo prestes a se recolher.

O belo vestido cobre de forma pudica meu corpo virgem. O sangue, rapidamente coagulado, emoldura minha cabeça - cabeleira rubra a adornar um rosto angelical. Não sorrio, não tive tempo. Porém, minha expressão é tão suave e tranqüila que você vê que não sofri. Meu gesto, por muitos considerado tresloucado, foi a expressão máxima que encontrei para lhe demonstrar meu amor e minha felicidade.
Procure compreender. Por que morrer de doença? De acidente ou homicídio? Não é melhor morrer de felicidade? Apaixonada?

No bilhete derradeiro que lhe deixei está tudo explicado. A princípio, pode ser que você não alcance o meu pensar. Talvez lamente; até chore. Ou então se enfureça por não me ter deflorado. Mas com o tempo entenderá. Eu sei.


Escrito em 23/01/02

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui