DIA-A-DIA
Prego um botão na camisa,
Desligo a televisão.
A vida é dura, não alisa,
É fogo ganhar o pão.
Seguro a força da crise.
Trabalho, busco e não tem.
Não há ninguém que me avise
De onde o dinheiro vem.
Cheiro um botão de uma rosa,
Agarro a barra da flor.
A vida é bem dolorosa,
Não há quem aguente esta dor.
Pego uma caneta e escrevo
Um bilheitinho sem fim.
Com um lápis preto descrevo
Que meu carinho é assim.
Vou simplesmente vivendo,
Sem pretensão de mudar.
Meu dia-a-dia moendo,
Como uma roda a rodar.
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
(in Cântico das rosas - João Scortecci Editora
São Paulo/SP - 1997)
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