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Artigos-->O . do ¬ -- 07/12/2009 - 16:41 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A última e controvertida reforma ortográfica da língua portuguesa baniu de nossos registros escritos o sinalzinho diacrítico chamado “trema. O trema, para nós, lusófonos da América, alertava sobre a pronúncia adequada dos grupos que/qui, gue/gui em palavras como sequência, linguiça, equidade, indicando que o fonema /u/ ganhava alguma autonomia sonora: /seqwência/, /lingwiça/, /eqwidade/. Na prática, a reação dos brasileiros à queda do trema foi: “Já não tinha caído?” O papel quase decorativo ocupado pelo trema mesmo antes da reforma nos obriga a questionar a necessidade de um outro sinal, este de pontuação: o ponto-e-vírgula.

Que levante a mão aquele que usa, em textos escritos, este rapazinho aqui: “ ; ”. Alguém? O senhor aí, de bengala e pincenê? Não? Você usa, moça modernosa?! O emoticon da piscadinha - ; ) - não conta. Ah...Ninguém usa. O ponto-e-vírgula não serve para muita coisa mesmo. E não é por falta de empenho dos gramáticos normativos que gastam muitas páginas para convencer seus leitores da importância desse ponto. Alguns dizem que ele representa uma pausa intermediária entre o ponto-final e a vírgula. Fico imaginando as traquitanas eletrônicas que fonólogos e foneticistas precisaram bolar para conseguir medir com precisão o valor numérico de uma pausa-ponto-final e de uma pausa-vírgula para encaixar entre eles o valor da pausa-ponto-e-vírgula. Se o leitor for asmático, como é que faz? Como é que se mede o ponto-e-vírgula de um asmático?

Há outros usos tradicionais para o ponto-e-vírgula nos quais, cá entre vírgulas, cabem uma vírgula ou um ponto-final sem prejuízo. No caso de conjunções intercaladas, a exemplo de: “Os alunos fizeram a prova; não poderão, porém, ter acesso ao gabarito.”, pela norma, a conjunção coordenativa adversativa deve ser separada da oração principal por vírgula: “Os alunos fizeram a prova, porém não poderão ter acesso ao gabarito.” Quando se opta pela colocação da conjunção em outra posição, como no exemplo, fica-se obrigado a separá-la dos outros termos por duas vírgulas, pois está intercalada. Assim, não seria adequado escrever: “Os alunos fizeram a prova, não poderão, porém, ter acesso ao gabarito.”, pois as vírgulas usadas na intercalação teriam valor diferente da vírgula exigida pela conjunção e essa diferença deveria ser demonstrada pelo uso do ponto-e-vírgula. Santa Norma, Batman! Dá para facilitar? Um ponto-final resolve tudo: “Os alunos fizeram a prova. Não poderão, porém, ter acesso ao gabarito.”

Vejo vestibulandos quebrando a cabeça para decorar os casos em que devem usar o benedito pontinho com seu rabo virgular e não tenho dúvida em intervir: “Ponto-e-vírgula? Ou ponto ou vírgula!” Quanto menos pedregulhos se puder colocar entre os meninos e o caminho da produção textual, melhor. O ponto-e-vírgula pode ser usado por quem assim desejar. Mas a sua presença ou ausência em textos não pode ser – e de fato não é – medida de maior ou menor domínio da norma culta. Minha tendência e a de outros professores e teóricos é relacionar o ponto-e-vírgula com a questão do estilo. Não há estilo certo. Não há estilo errado.

Deixemos que o ponto-e-vírgula sobreviva nos romances dos séculos passados e lá, noutro contexto, ganhe importância, ao lado dos tremas, das mesóclises e dos preciosismos vocabulares. O corte desse apêndice de nossa pontuação nem precisa ser oficial. Os usuários da língua portuguesa já tomamos as providências necessárias para transformar ponto-e-vírgula em peça de um museu pouco visitado. Nossos ditados e frases prontas demonstram isso. Para insinuar que uma afirmação é questionável, temos: “O ponto-e-vírgula é importante, vírgula.” Para encerrar o assunto: “Coloquemos um ponto-final no uso do ponto-e-vírgula!” Quem aí é capaz de citar um ditado, uma frase feita, uma frase de parachoque de caminhão que brinque com o ponto-e-vírgula? Pronto: ponto. ; )



*Publicitário e professor de língua portuguesa; usa ponto-e-vírgula, vez ou outra, só por charminho estilístico.
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