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Artigos-->O Papai Noel e o NÃO -- 07/12/2009 - 16:42 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em vários supermercados já é possível encontrar panetones à venda. Isso quer dizer que, em plena campanha de Dia das Crianças, o mercado já está de olho nas vendas de Natal. Pensar em conviver com a figura de Papai Noel por três meses me dá uma tristeza grande. Nunca achei Natal uma data divertida, mesmo com os presentes colocados embaixo da árvore na véspera, antecipação sádica capaz de aumentar ainda mais o meu sofrimento. Todo aquele clima de boas-festas, regado a Sidra Cereser e Noite Feliz que de feliz só tem o nome, escureciam meu coração. A chegada cada vez mais precoce das renas e dos filmes natalinos me faz sofrer com a possibilidade de um Natal sem fim, começando em janeiro e nunca mais acabando. Raul Gil até transformou essa ideia num programa assustador de TV que, graças ao bom senso, foi rapidamente tirado do ar. Natal o ano todo?! Haja saco!

De qualquer jeito, queira eu ou não, o Natal já bate em nossas portas e pipoca em nossas tevês. É um mal irremediável. O jeito é começar a pensar nos presentes que você vai dar para aqueles que são mais próximos. Para quem tem filhos, tomarei aqui a liberdade de sugerir um presente que, tenho certeza, mudará o futuro deles para melhor. Não se trata de um game novo, nem de um computador com zilhões de RAM, nem de uma viagem para Porto de Galinhas com pensão completa. Esse tipo de premiação já faz parte da vida dos pré-adolescentes e adolescentes da classe média brasileira. A minha sugestão não segue na linha do agrado. Talvez seja mais um desagrado. Senhores pais, minha dica de presente para os seus queridos filhinhos é: uma reprovação escolar ampla.

Se o fim-de-ano é o momento de refletir sobre o que fizemos e sobre o que fizeram conosco, aceite a minha opinião de professor já registrada em outras oportunidades neste mesmo espaço: dê a seu filho o que é dele por direito; permita que ele seja reprovado na escola, se essa for a conclusão a que os professores e coordenadores do colégio dele chegaram. Não faça como muitos pais que, ao receber a notícia de que o filho será reprovado e terá que cursar novamente a mesma série do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio, forçam – e sempre obtêm – uma aprovação via recurso jurídico e apelos à antiga Delegacia de Ensino, a DE. Dê a reprovação como presente de Natal para esses meninos e meninas.

Pode parecer um disparate pedagógico tudo isso. Não me importo se for. O que me importa e incomoda é que há uma fusão macabra dos conceitos de educação e permissividade. A família e a escola desaprenderam a palavra “não. A progressão continuada oficial das escolas públicas e a extra-oficial da rede privada não deu certo, foi um tiro no pé, nágua, pela culatra, enfim, um tiro que errou o alvo. Aprovar o aluno para melhorar estatísticas, para diminuir a frustração dos pais, para impedir que um jovem sinta na pele a consequência negativa de certos atos ou da falta deles, é fugir da responsabilidade que escola e família precisam assumir: a responsabilidade pela emissão de um sonoro NÃO. Deveríamos, todos nós, dizer ao candidato à reprova:

- NÃO, meu filho, você não pode levar a vida apenas na festa e agora querer receber um prêmio que não merece. NÃO, meu aluno, você não pode fingir que se interessa e eu não posso fingir que não vejo dando-lhe a aprovação incondicional. NÃO, meu jovem, o mundo de verdade, além dos muros da escola, não funciona assim. Vamos dar-lhe a chance de perceber isso agora, enquanto nós estamos por perto para ajudá-lo em sua recuperação. Se você não aprender já, mesmo que de forma sofrida, no futuro, na vida do mundo real, é possível que nós, pais, professores, diretores, advogados, delegados, não mais estejamos vivos para passar a mão na sua cabeça e, então, você talvez tenha dificuldade para entender o NÃO gigante que a vida certamente gritará para você.

E Jingle Bells antecipados para todos.



*Publicitário e professor de língua portuguesa. Quando criança achava que Jesus tinha nascido em Belém do Pará e que Papai Noel era Potiguar.
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