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Contos-->Patricia -- 30/08/2002 - 00:45 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu pai dizia que amendoim sempre funcionou pra ele. Eu não vou cair na mesmice de soltar aquela piadinha escrota que circula por aí sobre a casca do amendoim e seu poder afrodisíaco, porque odeio chover no molhado. Só gosto de ser repetitivo quando é para elogiar alguém que conheço. De preferência eu mesmo, porque o que seria de mim se não fosse eu?

A gente tem o costume de lembrar do pai quando os outdoors anunciam o dia deles ou quando estamos naquela situação de dureza financeira que os amigos começam a atravessar a rua quando nos vêem. Aí corremos para os braços paternos, com a desculpa de que faz tempo que a gente não toma uma cervejinha juntos, e coisa e tal. Mas naquela noite fria, chuvosa e amaldiçoadamente desértica, eu seguindo para o apartamento minúsculo de Patrícia, nervos à flor da pele, pernas bambeando, a boca seca e amarga, provavelmente mascarado de uma palidez indescritível, naquela noite de apuro e pânico, lembrei do meu velho pai e de suas receitas infalíveis para a ereção segura. Era a primeira vez. E toda primeira vez, você sabe como é, tem aquela coisa de ficar pelado, de exibir sem querer um eventual rasgo na meia ou na cueca, essas coisas que os rapazes no auge de sua puberdade acham que não têm importância mas que podem facilmente broxar as garotas mais românticas.

Patrícia morava com a irmã, que foi chamada às pressas ao trabalho para cobrir a ausência de uma recepcionista da Clínica Gemini. Por sorte, eu imaginei, tínhamos combinado uma sessão no Cinema Comodoro, na Avenida São João. E tão logo a chamei pelo interfone ela deu a notícia da saída repentina da irmã mais velha – que não nos deixava namorar em casa. De fato, o cinema morreria de qualquer forma, porque a chuva era tão forte, naquele instante, que sequer conseguiríamos dar vinte passos.

- Sobe! – ela ordenou.

Quando tive a autorização do porteiro para pegar o elevador comecei a me sentir mal. “O elevador está subindo... mas e se...” Suei e andei de um lado por outro esperando o maldito estacionar no 11º andar. Não, melhor era não pensar nessas coisas e, além do mais, nem tinha mesmo certeza de que poderia rolar uma transa entre mim e Pat. Na hora pensei em estar colocando a carroça na frente dos bois. De repente, a irmã nem demoraria tanto, de repente nada rolaria além de umas trocas de carícia mais agudas, de repente só assistiríamos Blade Runner e comentaríamos a atuação do Harison Ford – ídolo ocasional da minha namorada, apesar de ela, já nos idos dos anos 80, ter uma caída meio inexplicável pelo Richard Gere e seu andar desastrado de gazela trôpega. Podia acontecer tanta coisa no apê da Patrícia que minha imaginação não foi capaz de visualizar mais do que cinco ou seis possibilidades naqueles segundos do térreo até o seu andar.

- Desce?

Eu não disse ainda, mas Patrícia tinha, na ocasião, uns 83 quilos distribuídos pela imensidão dos seus 1,65m. Mas sua boca era linda. Quase a boca da Kim Bassinger, e por vezes, em meus momentos de auto-sexo, sob o Lorenzetti de casa, imaginei o que ela poderia fazer com aquela boca. É certo que nesses meus momentos mais íntimos, Pat perdia uns 30 quilos, o óculos de grau e o horroroso tênis da Rainha que lhe calçava os pés miúdos no Colégio Santa Rita desapareciam. Foi no colégio que nos conhecemos e começamos a namorar dentro dos conformes, como desejava meu pai para Irene – minha irmã – e como abominava para mim. “Não deu no coro ainda, moleque? Pois saiba que, com sua idade, blá, blá, blá, blá...” Formávamos um casal simpático à vista dos outros. Eu com a cara cheia de espinhas, magricela, cabelos compridos, andar desengonçado (não tanto como o Gere, que fique claro!), visual de roqueiro órfão do Raul Seixas. Muita gente torcia para que casássemos, o que não me parecia um fato totalmente descartável, justamente pelo fato de não ter lá muita perspectiva de encontrar alguém muito melhor do que Patrícia. Isto talvez até tivesse acontecido – eu subir ao altar com minha primeira namorada – não fosse aquela pergunta tão curta e objetiva vinda daquela coisa (coisa sim, porque nunca tinha visto uma mulher tão estonteante como aquela que aguardava, justo no 11º andar, o velho e judiado elevador que a levaria para a calçada esburacada da Martins Fontes) que se apresentou diante de mim. Meu primeiro reflexo foi apertar o T.

- Des-ce... – gaguejei.

A loira abriu um sorriso simpático, entrou apressadamente, apertou o botão do térreo e olhou para o relógio dourado da mão direita. A porta se fechou. Liete (este era o seu nome) se encostou no lado oposto de onde eu estava e exibiu parte dos imensos seios alvos decorados com pintas amarronzadas. Que seios, meu Deus! Eram uma covardia para mim. Naquela época o silicone não era tão usado para realçar mamas nem servir de alça para sutiãs, o que os elevava à categoria de peitos mais lindos que já tinha visto em toda a minha vida, mamãe que me perdoe. Por um momento, esqueci do pai e de seus badulaques que faziam o pênis ficar ereto (ou, vulgarmente, o pau ficar duro). O zíper da minha calça jeans deu prova de resistência ao suportar o ímpeto incontrolável de ele – o pênis – saltar desbravadamente, sem pudor, sem receio, sem medo de ser plenamente feliz. Houve um estrondo. O elevador parou.

Liete, de início, aparentou calma. “Isto sempre acontece”. Mas com o passar dos minutos sem que o bicho se movesse ou que alguém viesse nos socorrer, começou a tremer. Eu, no fundo de mim, estava aterrorizado. Contive meu pânico, entretanto, e me portei como um verdadeiro macho. Se papai estivesse lá, teria orgulho de mim! Aos poucos ela foi-se aproximando até me abraçar e derramar suas lágrimas em minha cabeça. Digo cabeça porque ela era alta e usava um respeitável salto. Complexos de tamanho à parte, esta foi uma das melhores coisas que me aconteceram. Este detalhe de altura fez com que minha cabeça grande se encaixasse em seus peitões. Foi a prova de fogo para o zíper da minha calça. Odeio o fabricante até hoje.

Foram cerca de vinte minutos até nos resgatarem. Patrícia, em prantos, temia pela minha vida. Liete deixou o vão entre o fosso e o 7º andar aos prantos, agradecendo-me continuamente. Quando, enfim, saí, só deu tempo de eu reparar que as pernas da minha companheira de clausura eram ainda mais afrodisíacas do que todo o restante. O perfume, o cabelo sedoso, a silhueta perfeita, as unhas estrategicamente pintadas de vermelho, a voz rouca, aveludada.

Pat me fez beber três copos de água com açúcar, por mais que eu me recusasse a tomá-los. Numa dessas idas de Patrícia à cozinha, notei que seus mamilos estavam à vista. Uns mamilos bem escuros, de grande diâmetro. Lembrei do pai e de Liete. Que amendoim que nada, pai! Pat foi quem pagou o pato.
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