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Artigos-->A Era Vargas -- 08/01/2010 - 16:15 (José Kalil Salles) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Brasil dos anos 20 vivia um período opaco, de opressão e de pequenez governamental. O “crack” de 29 teve imensa repercussão em nosso país. Criou-se um estado geral de insatisfação e instabilidade que tornou propícia a derrubada da oligarquia agrária e latifundiária e a subida ao poder de Getúlio Vargas através da revolução de 30.



Vargas partiu do Rio Grande para ser presidente e acabou chefe da ditadura dos “ tenentes” após uma marcha de 20 dias e de uma batalha que não houve.



No entanto, sua trajetória no poder foi diferenciada. Acabou dando ao trabalhador urbano uma legislação social avançada e reorganizou, embora paternalisticamente, os sindicatos, para garantir para si o apoio das massas trabalhadoras.



Getúlio se viu às voltas com idéias confusas e contraditórias, incompletas, deformadas e tumultuadas em seus conceitos, métodos e rumos. “Maquiavel dos trópicos”, ora rezava pela cartilha dos “tenentes comunistas”, ora rezava pela cartilha dos “cartolas constitucionalistas e liberais”. E entre as duas correntes dividia suas atenções e o seu governo, segundo a correlação de forças.



Nos primeiros anos da ditadura Vargas deixou-se influenciar pelos ideais do tenentismo e os representantes do grupo, os tenentes civis e militares, se julgaram no auge do poder, já em 32, quando assumiram inclusive a Chefia de Polícia. Não contavam, contudo, com a reação dos grão-burgueses e fazendeiros que, mesmo derrotados em 33, passaram, vencidos, a comandar com Vargas. Contra os tenentes estavam não só os políticos, mas também os próprios “tenentes”, empoleirados em altos cargos. Dizia João Alberto: “Os tenentes engordaram: não brigam mais”. Em 34 Getúlio dava uma constituição ao país, ao tempo em que mandava o General pseudotenente Góis Monteiro, a quem Aporeli não cansava de chamar de Gás Morteiro, dar o golpe de graça nos “tenentes”, fechando niponicamente o Clube 3 de Outubro.



Estava aberto o caminho para 37.



Enfrentando insatisfações e revoltas, Vargas, inclusive com o apoio incondicional da Ação Integralista, deu o golpe do Estado Novo, outorgando a Polaca, claramente inspirada nos regimes nazi-fascistas, tão na moda àquela época.



Durante os 15 anos que ficou no poder Vagas adotou um estilo político populista e, sobretudo durante o Estado Novo, orientou-se para o nacionalismo. Foi aí que criou a Companhia Siderúrgica Nacional e o Conselho Nacional de Petróleo, que preparava o caminha para a futura implantação da famigerada Petrobrás.



Chefe de uma revolução vitoriosa faltou a Vargas a convicção, a força ou a coragem para levá-la às massas camponesas, que continuaram em regime de semi-escravidão, e entregar o poder ao povo. Preferiu compartilhá-lo com os gordos tenentes, com os latifundiários e com a aristocracia do campo e da cidade. Fez a revolução dos burgueses, sem os proletários do campo e da cidade. E na fase ascensional do fascismo, tomou a este suas exterioridades mais tristes.



Deposto em 45 passou a orientador do PTB e do PSD, os dois grandes partidos do período, sob os quais retornou eleito para a Presidência da República. Neste mandato, radicalizou o seu nacionalismo e criou a Petrobrás e a Eletrobrás. Recebeu feroz oposição da UDN e especialmente do arqui-facista Carlos Lacerda, o matador de mendigos.



Entre a renúncia ou a deposição, Vargas preferiu o suicídio.



Em que pese as suas contradições e confusões, Vargas conseguiu mudar as coisas no Brasil, marcando indelevelmente a sua passagem pelo poder e projetando para o futuro a sua personalidade e o seu estilo político. Enfim, Vargas foi um dos dois únicos estadistas da República.



Deposto Getúlio, assume o Governo o inexpressivo Eurico Gaspar Dutra, o mais cinzento e obscuro Presidente da República. Ministro da Guerra de Vargas, traiu-o ao depô-lo em 45. Vargas o elegeu pelo PTB e PSD. Tendo tomado posse, nova traição: passou a governar inclusive com a UDN, o partido dos cartolas e das elites. Dilapidou as reservas cambiais fazendo uma política consumista de produtos supérfluos importados. O presidente iô-iô! O mais obscurantista dos presidentes: mandou queimar em praça pública livros e bibliotecas inteiras. Pobre Brasil!



A classe média no poder com a revolução de 30 não se mostrou apta e inclinada a proceder à transformação da estrutura econômica do país. O Estado Novo continuou fiel ao liberalismo econômico. O problema do desemprego foi resolvido de maneira simplista: o empreguismo do Estado. Era o início do Estado Cartorial. Era o embrião da técnico-burocracia atual. O funcionalismo estatal, civil e militar, foi hipertrofiado e iniciou-se aí “o emprego por um voto”, atualíssimamente presente nos nossos dias.



Foi a II Guerra que ofereceu um impacto estimulante na economia brasileira. Forçou o desenvolvimento da indústria nacional, pois aumentou ainda mais a necessidade de um auto-atendimento das necessidades de consumo. Finda a guerra o governo Dutra malbaratou os saldos acumulados da exportação, na importação de supérfluos não essenciais. Mas a desgraça acabou surtindo efeitos positivos, pois obrigou o governo, já Vargas novamente, a rever conceitos liberais e de livre-cambismo, adotando um regime de controle das importações e do câmbio, e mecanismos protecionistas mais amplos. E assim foi desenvolvida uma capacidade industrial substitutiva, devido quase que exclusivamente à iniciativa privada.



Se de 30 a 45 o Brasil viveu um período extremamente infecundo do ponto de vista econômico, pois a revolução foi encaminhada para um estéril burocratismo, apoiado no liberalismo econômico, coube ao habilidoso Vargas inaugurar o planejamento econômico, utilizando o Estado como agente programador, investidor e empresário, no seu governo constitucional. Vargas não logrou colher os frutos do que planejara. Mas estava aberto o caminho para a grande arrancada do crescimento econômico que caracterizou o governo que lhe ia suceder: JK.

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