ROTINAS DE UMA VILA CHAMADA ‘“MOSQUEIRO”
Ana Zélia
Chove aqui. A chuva é o reflexo da tristeza e num contraste transmite alegria.
É a semente que germina, as folhas que se renovam, a flor que se abre, os rios que transbordam, a maré que sobe...
Chove aqui. Estou tão distante de tudo, todos, de mim...
A paisagem é linda, uma ilha, ondas batendo nas margens encobrindo as pedras negras que parec e dividir terra e água.
O céu encoberto prenuncia mais e mais chuva. O horizonte pálido não traduz o azul da esperança de um novo dia.
Sol! Astro-Rei aquece com teus raios de fogo esta terra fria. És o soberano capaz de bronzear a pele da moça, da criança que brinca, que se deita debruço no chão e fica à tua mercê. Acaricias levemente a pele pálida que aos poucos transformas em índias morenas de pele queimada.
Não gosto de chuva, ela só me transmite tristeza, sinto frio e o calor se torna difícil.
A lembrança como os pássaros voa longe, divago olhando as águas, as ondas que nada são, são presas fáceis que se quebram nas margens.
Mosqueiro (Belém-Pará) 10/01/1993
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Nota da autora- Sou Manauara, índia pura de uma raça dura. Durante um estágio na Câmara dos Deputados, indicada pelo ex-deputado federal pelo Amazonas, hoje Vereador José Mário Frota , em 1978, conheci ESTERLINDA MOARES LISBOA, representando o Estado do Pará, fomos companheiras de quarto e criamos um elo tão forte de amizade que só foi cortado quando da passagem de ESTERLINDA, Professora Universitária, Economista, passou para o mundo dos Mistérios. Linda quando eu ia a Belém me levava ou pra Mosqueiro ou Marudá e ali passava horas a observar, escrever, neste caderno tenho uns cinco artigos, minha amiga partiu, ainda vou a Belém, Salinas, Mosqueiro, parte de um Estado cheio de magias, com um povo maravilhoso. Manaus, 21.01.2010 (Ana Zélia)
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