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Artigos-->MORTES LENTAS. -- 23/01/2010 - 16:22 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:131420480206661100
MORTES LENTAS!

Ana Zélia



Dois vícios antecipam a morte. O cigarro e a bebida. O fumante a cada dia calcifica os pulmões com a nicotina fria. A ele com o tempo restará o câncer que o levará ao túmulo. São pessoas com 30 anos menos de vida.

A bebida que se inicia num pequeno trago para abrir o apetite, depois o aumento gradativo nas rodas de amigos. Finalmente o desemprego, a violência na família, as separações, a morte, a prisão.



Já falamos a tantos pais, mas hoje, falaremos aqueles pais alcoólatras, que deveriam aceitar o tratamento até a cura. Porque a bebida tem cura.

Se você fuma ou bebe é hora de refletir.

Seu nome poderia ser José, João, Manuel, mas se chamava Clarindo. Casara jovem ainda, trabalhador, pai exemplar até eu um dia começou...



Clarindo! Chegue aqui meu chapa! O patrão vai dar aumento. Você nunca bebe? É só pra abrir o apetite, apelava o colega de serviço.

Não! Tenho família. O que ganho pouco dar para sustentar as crianças. A bebida seria mais um obstáculo, diminuiria meu salário já reduzido.

Nós pagamos! Deixe de ser sovino. Não me diga que você nunca bebeu nem um traguinho?



Clarindo passou ao largo. Mas há amigos e amigos. Os que ajudam e os que já perdidos tentam de todas as formas levar o outro ao mesmo caminho por ele seguido. Todo dia a mesma história até que um dia desses Clarindo atendeu ao apelo e bebeu só um traguinho. Está fadado ao declínio, porque daquele pequeno trago, Clarindo em breve tempo se tornaria um alcoólatra.

Às sextas-feiras o barzinho da esquina ficava pinhado de operários e, pois não é que Clarindo já era o mais assanhado. Pelas tantas foi pra casa, não conseguia dar uma passada. A mulher tentou dialogar, mas Clarindo fora de si passou a espancá-la, as crianças gritavam assustadas. A vizinhança chamou a polícia. Clarindo quebrara o nariz da mulher com um murro. Aconteceu a separação, as crianças passaram a temer o pai que a eles parecia bandido.



Passou-se mais de um ano desde aquele dia, as crianças sentiam saudades e desejaram ver o pai naquele dia, era o dia dos Pais. Compraram um presente e Clarindo bebendo no bar da esquina, quando viu as crianças, virou o diabo, saiu chutando mesa, copos, batendo pra todo lado. A Policia foi novamente chamada. Depois de passar um dia no xaxado, Clarindo desejou ser ajudado. O Serviço Social da Empresa onde ele trabalhava começou a agir.



Clarindo foi transferido para outro setor, longe dos falsos amigos. Voltou pra família e hoje é um dos conselheiros da firma, ajudando outros colegas que como ele se viram á beira do abismo.

Se você bebe ou fuma ainda há tempo. Busque ajuda e não faça ninguém sofrer, porque o mais prejudicado, são seus filhos, você.

Manaus, 17.08.1996

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Nota da autora- Como eu quantas mulheres foram vítimas da bebida, homens que se transformam em carrascos cruéis, tenho peito e nariz quebrado, com uma pernamanca recebi uma paulada no braço que até hoje tem marca, dói bastante. Um dia fui pisada no peito por este elemento que eu tinha como marido, quando o sangue começou a jorar de minha boca, ele parou porque gritar eu não podia mais. Separei-me. Tive medo por dezessete anos, até quando ele foi levado sei lá pra onde, se pro inferno ou para o vácuo do universo. Mulheres eu sobrevivi, estudando e enfrentando concursos públicos. Sou gente. Livre. Manaus, 23 de janeiro de 2010. Ana Zélia



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