Ares de roça
cheiro de esterco de vaca
na frente da casa
jaqueira frondosa
No canavial
eu e mais dois
eles pra caçar
eu pra espantar
os pobres preás
Às 6 da matina
a lenha ardia
esquentando a cozinha
banana na chapa
cuscus e linguiça
minha avózinha
Contando estórias
espalhando alegria
Embaixo da ponte
no trilho do trem
Maria Fumaça
que raiva que dava
os peixes sumiam
mas quando ela demorava
eu e os moleques
enchíamos a sacola
com lambaris
íamos embora
sorriso na face
varinha na mão
antes parávamos
no pé de Jamelão.
Eu era valente
e um tanto peralta
na época crente
que cigano roubava
crianças pequenas
sem ninguém dar por falta
Lá eu ia ver esse povo
no acampamento
de manhã cedo
As mulheres se pintavam
crianças brincavam
eu com um medo danado
de ser raptado
O banho de rio
também era escondido
minha biza dizia
"Aquele rio fidido"
e por dentro eu ria
Tempo maroto
não existia maldade
restou-me a saudade
da época de garoto.
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