PERDIDA!
Ana Zélia
Uma mulher vestida com roupa de prostituta, pele de bandida, mulher da vida...
Uma mulher ansiosa por carinho, mascarada como os palhaços que passam minancora, colorau, carvão para mudar a pele e enfrentar o público.
Uma mulher enganada por toda a vida, pensando ser feliz, família unida. A foto lembra isto.
A família acabou, hoje não sei quem sou.
Quatro paredes. quadros moldados, biombos chineses, é o "muquifo" do rato com luzes da ribalta.
A cama fria, não cabe dois, é a esperança que finda, é a morte só, a quem nunca teve ninguém.
Um dia eu mudo, viro gente respeitada, desejada, querida, e ai sim!
` AI DOS VENCIDOS!"
Porque um dia cai, me perdi, mas venci.
Manaus, 22/01/1993.
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Nota da autora- Por diversas vezes enfrentei o palco na pele de tantas personagens, levando às autoridades, ao público um protesto, sendo porta voz de pessoas discriminadas. Quem sabe encenando minha própria vida. Manaus, 07.02.2010 (Ana Zélia) |