Hoje, quando o crepúsculo flamejante
Espreitava o fúlgido da linfática avenida,
Embebido humano num breve instante
Pensou ter encontrado o sentido da vida.
Mas súbito barulho incompreendido
Apagou-lhe a luz: - Seu Velho, olha a rua!
Foi como o eco dum sonho foragido
Sumindo imperfeito sobre a sombra nua.
Então se ensimesmou num vago pensar
Entre aquelas árvores todas remexendo
Frente às entranhas dum dia a findar
Quando: - Cuidado Homem, acaba morrendo!
Como era misteriosa e longa a avenida,
Um telhado musgo findo que se abrasa
E talvez a moradora a ignorar adormecida
E o sol se pondo sob o teto de sua casa.
- Olha a frente Moço, olha o carro!
Ó vago peito, herói duma existência, valeu...
Lembrou-se agora vate vão e bizarro,
O sentido da... - Menino, cuidado! Morreu...
______________
Alaor Tristante Júnior
alaorpoeta@ig.com.br |