a CHUVA CAI
A chuva cai,
Não há estrelas,
Debruçado na janela,
Não vejo o horizonte.
O sopro leve do vento
Afaga o pensamento,
Trazendo o barulhar
Com sabor de verão.
Murmúrios abafados de sossego,
Vêm e vão levando recados,
Acariciando os ouvidos.;
Dando paz ao coração
Quisera eu, estar lá e cá,
Ter coragem pra dizer,
Lá, te ver olhar a chuva.;
Correr ao me ver chegar.
A chuva cai,
Barulha lá fora,
Arremessa na face
Que o tempo passou.
Os postes na rua
De cabeças baixas
Protegendo as luzes,
Querendo apagar-se.
No brilho das luzes,
Os pingos que caem,
Formam hologramas
Desenhando teu rosto.
A chuva cai.;
O brilho das gotas
Lembram-me teus olhos
Querendo falar.
Não há estrelas.
Negros teus cabelos.
Barulha a chuva,
Não ouço tua voz.
Chove lá fora,
Despenca do céu,
Bate no chão,
Corre morro a baixo.
Chove lá fora,
Nasce, cai e vai,
Feito sonho de criança
Que um dia se acaba,
Deixando no peito
O consolo de ter investido,
A desilusão de ter perdido,
A esperança de ter aprendido,
Chove lá fora.
1986
LUIZ ANTONIO BARBOSA
GIGIO POETA
|