Quem me dera eu, ser gênio
Quem me dera eu, saber falar
Quem me dera eu, saber me expressar
Construir textos belíssimos
Frases inesquecíveis e Poemas eternos
Como os de Vinícius
Ou como as boas crônicas de Clarice Lispector
Quem me dera eu, saber ler o mundo
Ler os pensamentos do velho
Do novo, do preto, do branco
Do ladrão, do engenheiro
Da atriz, da advogada
De um juiz ou simplesmente
De uma mulher da vida
Quem me dera eu, traduzir
Um palavrão...
Um sentimento humano...
Ou até mesmo o próprio ser
Quem me dera eu, dominar os assuntos
Dominar as palavras
Pra poder sair de cima do muro
Dar consistência a meus argumentos pobres
Quem me dera eu, saber
Um bom remédio pro mundo
Pro frio da noite quente
Pro calor da noite fria
Que vive escondido nas esquinas
Pra todos que entenderem
O que existem
Nas entrelinhas
De meu pensamento triste
Quem me dera eu, não calar tantas vezes
Diante das dificuldades
Diante da tristeza,
Da insensibilidade,
Da incapacidade,
Da impaciência,
Da inconsciência,
Da moral imoralidade,
Do banal,
Do carnal,
Da fraqueza,
E da franqueza do homem
Que por sinal esquece
Que deve ser franco
E não agir como um frango
Ou melhor, como um pato
Quem me dera eu, saber jogar
Com as palavras,
Com as pessoas,
Com os sentimentos,
Com meus pensamentos,
Com os seus pensamentos,
Com minha própria vida
Quem me dera eu, Ter poderes mágicos
Pra dar assas ao homem
As mulheres, as crianças
A pessoas de qualquer idade
(Mas que possua
A mesma quantidade
De criatividade
E de sensibilidade)
Quem me dera eu, Ter o poder da libertação
Pra libertar o homem de sua incapacidade
Pra libertar-me de minha impessoalidade
Pra liberta-lo(e a mim) de seus medos inúteis
De seu controle desnecessário,
De seu raciocínio impensado,
De sua brutalidade transparente,
De sua velhice juvenil,
Da sua tolice frebil
De não Ter nada o que fazer no Domingo a tarde,
Da rotina diária,
Da consciência pesada
Quem me dera eu, Ter o Dom do amor
Pra amar sem ser amada,
Pra não Ter medo da felicidade,
Pra não causar dor na hora errada,
E pra não sofrer por nada
Pra levar e receber a paz do mundo
Ou para minh ALMA
Quem me dera eu, ser genial
Para que tudo que faça seja legal
,E nos dois sentidos,
Para que talvez um dia
Eu me torne imortal
Mesmo depois de Ter morrido
Pra que meus pensamentos
Sejam lidos por milhões
De jovens gênios
Que todos os dias são fabricados
(Ou esquecidos )
Nas escolas mundiais
Ou na periféria real
Dos centros imaginários
De nossas ruas tristes.
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