SONETO DO AMOR ETERNO
Metade minha, dar-te adeus não pude,
Malgrado jamais teres ido embora.
Teu silêncio, porém, saudade chora,
À noite, no imo peito, dor amiúde.
Inda que meu esprito se desnude
Da maltrapilha carne sem demora,
Amar-te juro por vidas afora,
Como o ocaso que a lua ama em quietude.
Não permitirei neste pranto aziago
Rubras lágrimas, pois nas veias trago
O amor que alimentaste com denodo.
Dossel de estrelas teu riso traduz,
Do firmamento és a divina luz,
Metade minha, d’alma eterno todo.
MAURICIO DE MELO PASSOS |