O ónibus atravessa esta manhã chuvosa de segunda-feira. O Brasil é pentacampeão na Copa do Mundo. E os passageiros se entreolham meio que ressabiados: acaso salário mínimo agora é penta? Neca. Eles, brasileiros em geral, torcemos angustiadamente pela vitória. Mas o que isso mudou no cotidiano?
Passada a folia, a certeza da dívida feita pra comemorar e bebemorar melhor o penta. E o que se ganha com isso?
A natureza faz eco à taciturnidade desta segunda-feira. Verde e amarelo esquecidos no saco de roupa suja. Quando usá-lo outra vez? Quem sabe a 7 de setembro. Não sejamos romànticos quando temos que lavar a roupa suja.
Brasil - ame-o ou deixe-o.
O circo globalizado que foi montado nos agradou em cheio. Mas cadê o pão de cada dia? Onde?
Ah, tudo bem! Afinal, somos penta.
Dane-se o pão, que, eletrizados pela euforia do circo da copa, estamos aparentemente bem e nos sentindo os melhores do mundo.
Ainda que estejam os transeuntes, a grande maioria em preto e azul, ninguém grita "90 milh]oes em ação/ Prá frente Brasil do meu coração".
Porque, apesar de campeões no circo, ainda nos falta o pão na barriga.