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Artigos-->D. Adalgisa foi à tv doar seus filhos -- 25/01/2002 - 12:49 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O bate-boca ao vivo entre Márcia Goldsmith da Band e João Kléber da Rede Tv, cada qual no seu programa, um acusando o outro de mentira, indica que a corrupção para explorar a banalização do sofrimento alheio, tudo pela audiência, bateu na porta dessas duas redes de TV. E o pior disso tudo é que a impunidade parece que também se instalou no meio televisivo sensacionalista, a versão visual e eletrônica da imprensa marrom.



Num dos dias da semana passada, dona Adalgisa, mulher pobre, negra, mãe de oito filhos, de sete pais diferentes, procurou João Kléber, porque havia resolvido doar seus dois últimos filhos, gêmeos, agora com sete anos. Sua razão para esse ato desesperado, depois descoberto fruto de uma mente fria e calculista, era que ela não podia continuar criando os dois filhos, que sua casa não tinha energia elétrica há seis meses, dentre outras reclamações.



Foi um prato cheio para o Canal Aberto, programa comandado por João Kléber. Em sua primeira participação nesse programa, D. Adalgisa afirmou que estava disposta a doar seus filhos, pelas razões já expostas, e que havia procurado a Febem, o Ministério Público, não sendo atendida por nenhum desses órgãos; daí ela ter procurado a televisão. João Kléber prometeu ajudá-la, sempre ressalvando que a ajuda seria circunstancial, pois o programa não poderia “adotar” D. Adalgisa. Marcou-se um outra dia para que ela retornasse ao programa a fim de receber a ajuda. Segundo suas próprias palavras, D. Adalgisa, nesse dia, foi abordada por uma pessoa que se apresentou como sendo muito amiga de Márcia Goldsmith, e como João Kléber havia se “apossado” de uma pauta do programa de Márcia, reivindicando para si a exclusividade de uma matéria sobre um suposto romance extraconjugal do sertanejo Xororó, nada mais justo do que o “A Hora da Verdade” dar o troco, tomando posse daquela “pauta” (o drama de D. Adalgisa). Não se sabe por quais motivos a mãe desesperada (desnaturada?) aceitou o “convite”, indo apresentar sua história para Márcia Goldsmith.



Essa “apropriação” de pautas alheias por si só demonstra uma certa relativização do conceito de ética e moralidade no exercício da profissão, no respeito a um colega de trabalho, nos meios pelos quais um “profissional” da tv tenta alcançar fama e prestígio. A pior face dessa relativização, todavia, foi mostrada no dia em que D. Adalgisa compareceu ao programa de Márcia Goldsmith, quando então a mulher, emocionada, desabafou diante das câmeras, reclamando que foi forçada por João Kléber a dizer que queria doar os filhos. No dia seguinte, o programa Canal Aberto, com uma câmera oculta, gravou entrevista com D. Adalgisa; dessa vez ela afirmou com todas as letras que não tinha sido forçada por ninguém e que, ao dizer isso no programa de Márcia, estava sob uma forte emoção, o que provavelmente a conduziu pelo caminho da contradição.

O resumo dessa ópera bufa e cretina é que um dos dois apresentadores está mentido pro seu público.



E, pelo que tudo indica, passado o impacto desse imbróglio televisivo, depois que ambos os programas alcançarem os níveis de audiência desejados, os fatos cairão no esquecimento, sem que aqueles que mentiram, corromperam, fraudaram, sejam punidos, continuando a falar em sua hora da verdade, no canal aberto para o engodo em que se transformou a luta pela audiência nas tvês brasileiras.

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