Quero devotar-te, Tempo
uma poesia preciosa
Um tormento sério e vagaroso
um alumiar de fogo alto e lento
A qualquer hora, um instante principia
se fia no tear sem pressa de teu quarto
Faz nascer um acontecimento, um dia
sob o sol ou a lua, tu não te importas
Apareces nu, sem manto ou véu
Faz-te senhora se a noite anuncia
frescor, delícia, amor e glória
Levas a tocha e o sino que desperta
Levas a dor de uma canção que não termina, mas bela
Quero devotar-te, Tempo
uma poesia encantada
Que te aprisione em tua casa
que te faça livre em teu canto para dormires
Mas reza tu, que é impossível meu intento.
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