— “Graças a Deus, estou salvo!”
Há de dizer o papalvo
Que acreditar em promessas.
Para se alcançar vitória,
Há que se escrever a história
Da perversão às avessas.
Muitas vezes, a sevícia
É que esconde a tal malícia
Da compra do Paraíso.
Quem sofreu tremendas dores
Deseja ter resplendores:
Do contrário, é prejuízo.
Atender aos semelhantes,
Cada dia mais que antes,
É um sem-fim de bondade.
Quem suspender o trabalho,
Cansado do duro malho,
Interrompe a caridade.
Fazer o bem é costume
Que vai acender o lume
Das almas mais generosas.
A boa ação que se faz
Gera um momento de paz,
A se cantar nestas glosas.
Todo pensamento bom
Preserva do amor o dom
A quem segue as leis do Pai.
Equilíbrio das virtudes,
Em todas as atitudes
A humildade sobressai.
Jesus nos traz alegria
Quando adentra esta poesia
E nos fala do seu Reino.
Mas ficamos bem mais sérios
Ao revelar que os mistérios
Vão exigir muito treino.
O cansaço é natural,
Quando se combate o mal,
Dia e noite, sem parar.
Se estivermos conturbados,
Compreendamos os recados
Para irmos devagar.
Mas não façamos negócio,
Querendo trocar o ócio
Por um punhado de vícios.
Edificante leitura
Pode dar à criatura
A noção dos artifícios.
Eis o tema destes versos,
Que, embora sejam perversos,
Buscam o bem do leitor.
Enquanto o amigo medita,
Esta tarefa bendita
Demonstra que tem valor.
A partir desse conjunto,
Firmaremos nosso assunto,
P ra ninguém ficar parado.
Nesta hora de lazer,
Vai causar-nos só prazer,
Se o poema for de agrado.
Os terríveis desenganos
Soem causar aos humanos
Desespero e ansiedade.
Nós também ficamos tristes,
Quando só ouvimos chistes,
Ao falar com seriedade.
Por isso é que os nossos versos
Vão em pessimismo imersos,
Já que a luta é quase insana.
Por melhor que imaginemos,
Falta força para os remos
E o leitor já não se irmana.
Esfolamos os joelhos,
Mas passamos os conselhos
De uma forma até infantil.
É que, p ra se estar seguro,
Há de se livrar do apuro
Da passagem em funil.
Ao trabalhar pelo irmão,
Dê de cara o seu perdão:
São poucos que reconhecem.
Leve tudo numa boa,
Para não lutar à toa:
Tais conselhos não se esquecem.
E quando alguém compreender
A luta além do dever,
Em sacrifício sincero,
Dê-lhe apoio permanente,
Pois é raro quem intente
Prosseguir da estaca zero.
É aí que o Espiritismo
Tem de mostrar otimismo,
No plano da evolução.
Os benfeitores do etéreo
Vão levar você a sério
E as luzes reforçarão.
Denizard viu o problema
Dessa rejeição extrema
Da maioria do povo.
Mas prosseguiu sem temer,
Consciente do seu dever
De explicar a lei de novo.
Nunca pare nessa lida,
Que a persistência, na vida,
É, sim, sagrada virtude.
O desânimo de um dia
Há de tornar-se alegria,
Ao retornar a saúde.
Concluímos a poesia,
Espontânea melodia,
A demonstrar o que somos.
Agradecemos ao Pai
Por sabermos que alguém vai
Compartir os doces gomos.
|