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Poesias-->A voz do Mistério -- 19/11/2002 - 12:04 (Alyne Roberta Neves Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Uma voz misteriosa atordoou meus ouvidos.

Apresentou-se em várias cabeças.

Um monstro?

Um anjo?

Um arlequim?

E falava um idioma novo, recheado de improviso.

E emendava idéias, gírias e onomatopéias.

Eu? Atônita, tonta e lânguida.

Uma centopéia de tamanco passeado no jardim.

É que uma voz não se pega, guarda em cofre ou emoldura.

E o que a voz diz revela a essência numa doce transparência sem nome, identidade, código ou sinal.

Um dia era um cego que via muito bem...

Outra vez um entregador de pizzas.

E surgia seresteiro...

Eu queria sacada, janela e toalha bordada com um jarro de rosas vermelhas como em cidades do interior.

A voz saía de um vulcão que explodia em larvas coloridas e me abatia os sentidos.

A voz era um bálsamo, um enigma, um desafio...

A voz dizia tudo que eu queria ouvir.

Quebrou-se em vitral e me mostrou mil faces.

Eu? Uma viuvinha carregando folha no jardim.

Não sabia quem era o homem....

Seria o homem?

Seria a voz?

Seria o dito?

Seria a voz do homem como um dito, um rito em mim?

Quantos eus?

De quantos enigmas pode se fazer uma paixão?

Bastou-me a voz, música da alma...

E, fosse eu Rapunzel, lhe atirava as tranças.

Não importava o semblante, a cegueira, a idade, a pena cominada, a careca, a insanidade e a overdose de fugas...

Eu queria era pegar carona na nuvenzinha e entrar no seu céu...

Porque bastou-me o dito pra entrar na caverna de um desejo.

Eu queria na garganta aquela saliva santa que me dizia:

Flor, pirâmide e poesia.

Misteriosa voz que me fez amar em um só todos os homens do mundo...

Os vivos e os mortos.

Os santos e os encapetados.

Os filósofos e os estivadores

Os políticos e os professores.

Os artistas e os operários.

Os domadores e os trapezistas.

Os que foram e os que ficaram.

Todos os homens do mundo no armário da minha mente.

E eu? Joaninha passeando pelo jardim.

Misteriosa voz que acendeu a chama da minha ternura.

Por você eu iria a qualquer canto:

Índia, Jamaica, beco, gueto ou alçapão.

Te levaria lírios na prisão.

Te lavaria a batina após a missa.

Te abraçaria a nuca e beijaria os lábios...

Pois as palavras-canções que jorravam de tua boca caíram todas no lago do meu coração.

E eu? Borboleta na caixa vazia da minha imensidão.

Espero melancólica...

Se eu perdi a voz, você há de arrancar os cabelos....

Se eu perdi a graça, você há de queimar de saudade.

E se foi de verdade, tem volta...

Que beija-flor não pousa num jardim?





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