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Contos-->FEITIÇO DA NOITE -- 08/09/2002 - 21:25 (Barbara Amar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vestida de negro, um mini vestido transparente, meias e sapatos altos da mesma cor, andava sem destino pelos becos e ruelas da grande cidade adormecida. A écharpe negra, que lhe envolvia o pescoço alvo, ressaltava os cabelos escuros penteados para cima e presos por uma jóia.
Não tinha medo, era uma ave noturna, independente e liberada, sentindo-se à vontade em ambientes sórdidos onde sua figura elegante se destacava. Embora fosse uma dama gostava, nessas ocasiões, de ser tratada como uma mulher da rua rindo alto dos gracejos pesados e das obscenidades que lhe propunham. Amava o perigo e apreciava quebrar as regras ditadas pela sociedade. Não tinha amigos; ninguém lhe conhecia a família, tampouco a morada. Conseguia driblar com perfeição todos aqueles que tentavam segui-la, desaparecendo quando menos esperavam.
Gostava do sexo impessoal, sem compromissos. Ela era a ativa. Se um macho lhe agradasse o abordava com a maior tranqüilidade, sem meias palavras, dizendo exatamente o que pretendia. Inúmeras vezes atingiu o prazer em banheiros públicos, ora montada no parceiro sentado no sanitário, ora de pé, contra a porta fechada, as pessoas batendo à porta tentando entrar e a aflição do momento só fazendo aumentar seu orgasmo.
Bela, impudica e irresponsável. Nada a prendia, vivia apenas para o mando e para a luxúria. Que tinha posses era evidente. Não fosse por suas roupas e jóias, mais o dinheiro esbanjado com facilidade, seus gestos finos traiam a boa educação mostrando que tinha berço. Por que o interesse pela baixaria, pela sarjeta?


Um vulto em uma ruela chamou sua atenção. Sem medo, aproximou-se. Era um rapaz moreno, alto, de uns 25 anos, cabelos negros cobrindo o pescoço e as orelhas, olhos escuros. Usava jeans desbotados e casaco de couro negro, de boa qualidade, sobre camiseta branca. Botas negras, mal cuidadas. Apesar da aparência de desleixo era extremamente bonito e másculo, lembrando um felino.
- Você fuma?
- Só quando quero, respondeu com insolência.
Ela o avaliou como a um animal e devolveu:
- Você cheira a homem, gosto disso.
- Que é que você quer? Se tá a fim de programa vai ter que pagar!
Uma gargalhada a fez jogar a cabeça para trás e seus cabelos quase se soltaram. Tirou o lenço do pescoço alvo e perfumado e sedutoramente balançou-o no rosto do rapaz.
- Taí, gostei de você. E quanto pretende cobrar de uma mulher assim como eu? O mesmo que você cobra dos viados?
- Mais caro, as mulheres levam mais tempo pra gozar.
Ele sorriu só com a boca, os olhos continuavam sérios, quase ameaçadores. O perigo a atiçou, ali estava um adversário à sua altura. Provocou-o, acometida por uma vontade repentina de submetê-lo:
- Acontece, garoto, que eu sou especial. Você não está com uma mulher carente que deseja transar escondida do marido. Quero trepar aqui mesmo na rua e o preço vai depender da sua performance.
- Cem reais.
- Muito barato, não deve ser grande coisa....
Ele ficou lívido, não estava acostumado a ser tratado desta forma. Procurava ser o mais impessoal possível com os clientes pois sabia que isso lhe dava ainda mais charme. E afinal de contas se garantia. Além de bonito era bem dotado, quesito indispensável nesse métier. Raramente atendia mulheres. O mercado era dominado pelos homens e já se acostumara com isso. Mulher era uma raridade nesse negócio e havia sempre o risco delas se apaixonarem. No entanto essa era diferente, dava para ver. Sem saber por que Lucas pressentiu que aquela criatura significava perigo e dos grandes. Pensou em esquivar-se. Cair fora. Entretanto, ela exercia sobre ele uma atração extraordinária. Quantos anos teria? Aparentava no máximo trinta e cinco; se bem que uma amiga tivesse lhe ensinado que acrescentasse sempre dez anos à idade presumida de uma mulher. Não lhe pareceu drogada nem alcoolizada, talvez meio louca, sei lá, vai ver uma fera ferida.
- E então, vai topar? Sua voz era grave e sensual. Te quero, tô com tesão! Cem reais só pra começar. Se eu gostar pago mais. Só tem uma coisa, eu dito as normas, tá?
O rapaz afastou o cabelo escuro da testa. A noite estava úmida, daqui a pouco começaria a garoar. Tivera um dia dos infernos; mecânico eventual descobrira como aumentar o orçamento fazendo michê. No fundo detestava aquela vida, tinha nojo dos clientes, a maioria homens mais velhos que pagavam para que ele lhes comesse as bundas gordas e peludas. Muitos gostavam de chupá-lo e eram logo avisados:
- Cara, demoro muito a gozar.
- Não faz mal, não tem importância.
E não é que eles bebiam tudinho? Tinha nojo deles, desprezava-os. Negava-se a pagar na mesma moeda, não era “liberal” e fazia questão de colocar nos anúncios ATIVO. Não se considerava homossexual.
- Você não prefere ir a um motel? perguntou em tom conciliador, quase gentil. Tem um aqui pertinho, meio barra pesada, mas creio que vai te agradar.
- Não. Foi taxativa. Quero foder no meio da rua com um garanhão que nem você.
Olhou-a com curiosidade. A raiva já havia passado e aquela criatura imponente, que parecia ter saído das páginas de uma revista estrangeira de modas, de gestos finos e fala desbocada, estava deixando-o mais interessado que nunca. Meio mandona, bonita, rica com certeza, devia ser daqueles tipos excêntricos que topavam tudo para se destruir. Um sino, uma espécie de intuição voltou a alertá-lo para sair enquanto era tempo, todavia o macho que existia dentro dele não conseguia recusar carne de tão boa qualidade. Ainda por cima ela ia pagar bem.
- Como você quer fazer? perguntou profissionalmente, procurando com os olhos uma escadaria, ou um ressalto sombrio no meio fio.
- Por que não vamos lá dentro do beco?
- Você é quem sabe, mas tá muito escuro. Não tem medo de ser assaltada?
A fêmea respondeu com outra gargalhada, misto de excitação e deboche e com suas próprias mãos puxou o zíper da braguilha, enquanto sua boca procurava a dele. Beijaram-se, praticamente se engalfinhando, cada um querendo abrir a roupa do outro. Encaminharam-se para a parte mais escura, ele com a jaqueta e a camisa abertas, o pênis exposto, ereto. Ela com o vestido suspenso, não usava calcinha, a pele alva resplandecendo contra as meias negras. Excitado, Lucas baixou-lhe o decote com violência rasgando a fazenda fina.
- Desculpa, não fiz por mal.
- Não tem importância, sorriu, montando-lhe nas coxas, seminua, e exibindo os seios fartos de mamilos curiosamente escuros.
- Teu nome. Como te chamas? Meu nome é Lucas.
- Deixa isso de nome pra lá. É o que de menos interessa nesse momento, não é mesmo? sussurrou-lhe no ouvido.
Suas mãos em cruz tocavam em seus órgãos genitais. Estavam de frente um para o outro, ela o masturbando com perícia, não querendo que gozasse, só brincando. Lucas dedilhava o clitóris entumecido, e com dois outros dedos penetrava a vagina molhada e quente.
Largaram-se por um momento. A mulher ficou de costas e o rapaz começou a morder de leve sua nuca descoberta e perfumada. Com a mão direita acariciava as nádegas redondas e o ânus, enquanto com a esquerda espremia seus belos seios.
- Deixa eu comer tua buceta, te peço!
Ela entendeu. Provavelmente ele associava o coito anal aos homossexuais e embora esse tipo de transa não lhe fosse indiferente, acedeu ao pedido.
Lucas a suspendeu de encontro à parede suja do beco, enquanto ela se agarrava ao seu pescoço. Treparam ali mesmo, como dois animais, desconfortavelmente, loucos de desejo. O vestido desfiara quase que todo atrás, no entanto ela parecia não se importar com isso e nem com a dor nas costas. Gozaram aos gritos e, com as pernas bambas, caíram nos degraus úmidos de uma escada recém descoberta, que levava à outra rua. Ele acendeu um cigarro, estendendo-o em sua direção. Ficaram os dois ali por um tempo incalculável, apenas fumando e conversando.
- Por que você insiste em negar sua homossexualidade?
- Porque não sou viado, respondeu puto da vida. SOU ATIVO.
- Sei, sei, e não chupa pau, completou rindo. Ela estava caçoando e Lucas teve vontade de esbofeteá-la.
- Nem tente, ronronou, como que adivinhando, nem tente...
Tirou da bolsa cinco notas de cem reais e deu para ele.
- Tudo isso? Sua fisionomia amainou-se, agradecido.
- Ainda não acabou, meu amor. Quero mais!
O pênis enrijeceu no mesmo instante.
- Eta! Profissional bom, gargalhou a mulher, cavalgando-o. Frente a frente beijaram-se, desta vez com mais calma, saboreando-se.
- Por que você faz isso? Uma mulher como você! Eu é que devia pagar!
Com um olhar suave, ela pousou o dedo em seus lábios silenciando-o. Beijou-o delicadamente nos olhos, no queixo, na boca. Ficaram por um tempo enorme fodendo-se com as línguas enquanto ela o cavalgava, a princípio lenta, depois acelerando o ritmo, cada vez mais e mais. O rapaz tentou soltar-lhe os cabelos, porém ela se adiantou retirando a jóia e permitindo que cascatas negras lhe cobrissem os ombros pálidos.
- Vamos gozar juntos, ordenou. Segurou-lhe a mão e encaminhou o dedo mais grosso de Lucas para aquele orifício abandonado. Possuída por uma volúpia incontrolável, tomou os dedos da outra mão e começou a lamber e chupá-los.
- Agora sim, todos meus buracos estão preenchidos! Agora posso me entregar!
Maravilhado, Lucas se deixava foder por aquela criatura linda que lhe mamava os dedos como se pênis fossem. Em contrapartida, ele forçava com o dedo aquele buraquinho quente e macio que parecia querer sugá-lo.
- Vou gozar! Gritou fora de si. Goza comigo, meu macho! Vem, vem comigo. Juntos! Embriagado de tesão ele gozou, inundou-a mais uma vez com seu esperma tão difícil de ser expelido, e paralelamente sentiu o ânus como a lhe decepar o dedo, tão forte a contração esfincteriana. Continuou gozando, tomado por um prazer imenso. Não viu quando as feições da mulher endureceram-se à semelhança de uma estátua, enquanto os olhos, esplêndidos, verdadeiros diamantes negros, brilhavam de forma sombria. Sentiu o braço alvo enlaçar-lhe o pescoço em uma carícia final, como que puxando-o para ela. Entregou-se todo. Só não viu o estilete, disfarçado de jóia, penetrar-lhe, rápido e certeiro, a base do crânio. Morreu no ato, proporcionando à fêmea o prolongamento do orgasmo triunfal.
Quando, por fim, ela acabou, levantou-se abaixando o vestido sem pressa. Recompôs a jóia, não sem antes enxugá-la no tecido diáfano que tão bem lhe adornara o pescoço. Acariciou de leve o rosto do parceiro. Os olhos de Lucas estavam abertos, surpresos. Não os fechou. Olhou-o mais uma vez e disse carinhosamente:
- Meu nome é Lilith.


Nas sombras da noite, do outro lado da rua, surgiu uma limusine negra que parou a seu lado. O chofer uniformizado saltou, cerimonioso, para lhe abrir a porta:
- Tudo bem, madame?
- Tudo ótimo, vamos para casa.

Escrito em 28/10/00
Re-escrito em 07/09/02
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