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Contos-->Tempo de férias -- 09/09/2002 - 00:34 (Iracema Zanetti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Tempo de Férias
Iracema Zanetti

Parte I

Ahhh, monotonia que persegue os menos favorecidos do vil metal.
Tantos anos consecutivos sem esperança de conhecer novas paragens!
Você que me lê agora, presta a tenção em que vou dizer:
Se você tem uma casa, ou apartamento onde passar as férias, tudo bem,
caso não tenha, esqueça... e não deseje!
O pior castigo da vida é sermos obrigados, por várias circunstâncias,
repetir a cada ano a mesma viagem, para o mesmo lugar,
só porque fomos loucos de adquirir a casa dos nossos sonhos,
a casa à beira da praia.
Porque daí pra frente passamos a ser escravos de tão malfadado investimento.
Como pensar em conhecer novos lugares, deixando o cantinho seguro
que usufruímos por tantos anos, mas nunca mais que 30 dias a cada um deles.
Os filhos depois que casam e se estabelecem na vida, geralmente desejam usufruir
de uma segunda lua de mel... e naturalmente... conhecer a Europa,
coisa que a maioria dos pais não puderam proporcionar a eles.
Não perguntam se podem... vão entrando e montando o berço do caçula,
onde acomodar os maiores, pra eles não interessa, a vó que dê o seu jeito.
E lá vai o casal pra viagem feliz e satisfeito... os filhos despencados na casa da vó...
e daí... o que fazer?
Pelo menos um mínimo de bom censo eles têm... sempre viajam
no período das férias escolar...
Porque sabem que os avôs, geralmente, têm um sítio, uma fazenda, um casa
ou apartamento na praia.
Tenho um apartamento grande de frente à praia, onde nunca passei minhas férias,
mesmo porque nunca as tive.
No meu conceito... férias é sinônimo de paz, sossego, tranqüilidade
E quem consegue o milagre com a netaida ao lado da gente?
Mas vó que é vó no duro, tem que estar sempre de cara alegre.
Vó inteligente e moderna não faz comida coletiva...
vai à cata dos netos perguntando o que querem pro almoço,
lanche e jantar, fora as sobremesas!
Agindo dessa maneira não será pega de surpresa... e, na última hora se ver obrigada
a sair procurando um lugar para almoçar e, no fim, como sempre, cair nas malhas dos
"Mac-Donald," da vida, porque a metade dos netos são um porre de chatos pra comer.
O que vale neste vida é mesmo a mulher casar bem cedo, de preferência
com homem muito rico, pois quando chegam os netos, a vó tem que estar muito enxuta
pra pertencer ao time deles... e pra isso, as carteiras e as contas no bancos .
devem estar sempre gordas...
Bem vamos ver o que aconteceu em uma das famigeradas férias... adoro meus netos,
mas vó também deveria ter direito à elas!
Precisamente na manhã seguinte à nossa chegada ao apartamento da praia,
eu parecia um jacaré cuidando dos netos na areia... e dela pro mar... e do mar... pra areia...
Sintam até onde vai a responsabilidade de uma vó!
Por isso repito... vó tem que ser uma super e bem treinada atleta.

Parte II

Voltamos da praia, os dois banheiros foram ocupados:
meninos num, meninas noutro.
Não deu outra, confusão generalizada... risadas, gritinhos...
Chamados insistentes aos meus ouvidos: Vó, vó... vóóóóóó... vozinhaaaaaa...
cadê minha toalha, cadê o pente e, por aí afora...
Terminado o banho fui conferir o estrago.
Deus meu, era água, espuma e roupa molhada pra todo lado.
Depois de tudo ajeitado foi minha vez de ir para o chuveiro,
porque vó também é filha de Deus!
Entro no quarto e vejo-os amontoados em minha cama assistindo TV.
Bato palmas dizendo... xô... xô... vão ver desenho na TV da sala.
Tranquei a porta do quarto, desliguei a TV, liguei meu som!
Saí do banho cantarolando músicas de Júlio Iglesias...
Terminei de me secar e dependurei a toalha no trinco da porta do armário.
Despida, admirava e conferia meu corpo, para ver se estava tudo em cima!
Aí pensei: Gente, é suado, mas vale à pena malhar.
De repente... atacada por um derrame de adrenalina na corrente sangüínea
pus-me a dançar freneticamente em frente ao espelho.
Acompanhava o som, enlouquecida pela música...
claro que nessas alturas não era o Iglesias que me empolgava...
Era mais... um som da pesada!
A música parou fui até o aparelho de som e abaixei-me para ativar o CD novamente.
Eu estava sentindo um calor insuportável... ao olhar para a janela escancarada...
dei de cara com dois funcionários da rede de energia elétrica sobre o poste de luz...
com os olhos pregados dentro do quarto!
Assistiram todo o espetáculo gratuito de dança da avó em frente ao espelho!
Com o susto, meu cérebro entrou em ritmo de lerdeza... e a única mensagem que captei foi:
Saia depressa do quarto e bem abaixadinha!
Sem retrucar atendi ao comando e sai correndo do quarto...
como cachorrinho quando anda quase grudado ao chão se arrastando para agradar o dono....
e fui até a sala... em prantos à procura do consolo e carinho dos netos...
Ao me verem chorando vieram ao meu encontro correndo.
Só deu tempo de perguntarem: O que foi... vóóóóóóóóó ???????
Depois disso... arregalaram os olhos e emudeceram!
Saí do quarto com tanto ódio e desnorteada... e nem sequer lembrei
da toalha dependurada no trinco da porta!




















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