"Num par amoroso, geralmente
uma pessoa ama e a outra
é amada" Nietzsche
Com os olhos claros
Os cabelos claros
O sorriso claro
De onde provém tal clareza de explicação?
O narizinho empinado
O vestidinho verde
A alegria contente
Que me arrebata (de paixão?).
Dias felizes lá,
Dias que voltam jamais a ser como eram
A tristeza errante, saudade cortante
E a incerteza quase que certa
De ser tolo por amá-la demais
(Paixão infantil de gente grande).
Rebusco memórias, rabisco versos,
Arrisco uma lágrima para comover
[o meu pesar
Mas não, não tem volta,
Não tem concerto
Não tem poema que diminua o meu sofrer,
A minha dúvida, meu cantar,
De como posso, de como devo dizer
Que a amo demais.
"Podes acreditar que seria eu capaz
[de realmente
[amá-lo?" - deves pensar
Mas saiba que há na distância dos corações
Uma dor ainda maior que na distância dos corpos
E um lirismo tão menos pungente
Nos versos feitos de saudade.
Dane-se, na verdade.
Foi-se a alegria e a inocência
Com o arrancar das folhas do calendário,
O amarelar das fotos guardadas numa caixa
[no armário
E os olhos, os cabelos, o sorriso claro
Da garota de Blumenau
Que insiste em povoar meus sonhos
E em dilacerar meu coração
(Mas num dia chuvoso, talvez)
(Um beijo?).
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