De que me adiantam duas mãos
Se, nestes dias de tormento,
Não há espada que nelas se sangrem?
Fui outrora um romântico,
Mas a população
Clama por um guerreiro frio e forte.
Nas trincheiras, não haverá espaço
Para jovens doutores apaixonados,
Não haverá espaço para velhas convicções
Não haverá espaço para beijos e sacaroses,
Não haverá espaço,
Nunca houve.
E quando meu corpo tombar
Nas invaginações do amor,
Não chores, garota,
Ainda há muitos quadros a serem vistos,
E muitos poemas a serem pintados.
Ah, meu Deus, meu Deus,
Quantos serão os ateus
Que pagarão pelos pecados meus?
O homem é burro
O homem é tolo
O homem é bobo,
Enquanto a gente se estabefeia
E se agride nervosamente,
Os anjos trocam carícias lentas,
Obcenas,
Beijs lascivos e amores vivos.
Os anjos é que são espertos...
Um dia me dissestes que meu coração
Era o palco de teu mundo.
Pois bem, minha guria,
Acabastes de dançar o tango sobre ele. |