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Artigos-->Os números da acomodação -- 03/04/2010 - 14:31 (Fabrício Sousa Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os números da acomodação





Por Fabrício Sousa Costa





Recentemente o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou para numerosos empresários no auditório da FIESP acerca da acomodação do povo brasileiro no que toca a questão da busca por juros menores. Na ocasião, Lula afirmou que os brasileiros tinham pique para ir ao bar reclamar das taxas do cartão de crédito e dos juros do cheque especial, mas não tinham coragem de levantar o traseiro da cadeira para buscar outro banco que apresentasse taxa de juros mais baixa. Podemos fazer duas observações recorrentes para que o discurso do presidente Lula não se perca pelo ralo do comodismo.

A primeira pode surgir a fim de fazer coro ao presidente, sobretudo, para que conservemos as teorias liberais de Adam Smith e David Ricardo expoentes do iluminismo. Seria fantástico se realmente pudéssemos acreditar na livre concorrência e procurarmos ofertas de juros mais baixos. Nesse caso, teríamos de sair em visita aos principais bancos do país a fazer anotações como as donas de casa faziam para controlar a superinflação da época de Sarney. Não seria uma má idéia uma vez que conseguíssemos atingir o objetivo. Afinal, se todo consumidor exercesse plenamente seu papel de cidadão exigente, sem dúvida, teríamos nossas reivindicações, se não atendidas imediatamente, levadas em consideração. Talvez o presidente quisesse que os cidadãos se revestissem do papel de agente controlador dos abusos econômicos, assim como as agentes de supermercado no início do processo de redemocratização da política brasileira na segunda metade da década de 80. Afinal, o governo não são apenas os políticos, contudo todos nós temos esse compromisso de gestão conjuntamente com aqueles eleitos pelo povo. Se não, eles sozinhos não seriam ninguém.

A segunda evidencia-se como uma forma de pensamento idealista do presidente em agir como se realmente houvesse livre concorrência neste contexto onde a prática de cartel predomina nos quatro cantos da economia. Basta apenas esticar o pescoço para enxergar que em cada posto de combustível o preço da gasolina é o mesmo ou com um disfarce ordinário de alguns milésimos de centavos para ludibriar o consumidor paciente com máscara de otário. Ora, podemos olhar ao redor de nosso confortável lugar cômodo para ter a certeza de que o exemplo dos combustíveis pode ser aplicado para quase todos os segmentos do comércio. E a taxa de juros da instituição bancária não é diferente. A prática de cartel também é exercida pelos bancos, que inclusive não buscam a objetividade para que os clientes possam saber o motivo pelo qual todos aqueles valores são descontados a cada extrato tirado. Sem considerar que, no mundo, são os bancos os maiores afortunados com lucros exorbitantes comparando com qualquer grande multinacional.

Sem dúvida, o presidente Lula teve boa intenção ao aconselhar aos brasileiros que deixem de lado a acomodação e busquem colaborar com a construção de um sistema econômico menos selvagem e muito menos contraditório. Assim, quem sabe, o cartel possa deixar de existir e, em um futuro próximo, possamos realmente estar inseridos em uma economia de efetiva livre concorrência.

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