EU O AMAVA
Eu o amava,
Sem nem mesmo saber que o amava
Amava-o em meu inconsciente
Lá guardado, trancafiado
Quase oculto no mais profundo esconderijo do meu coração
Eu o amava,
E nem sei o por quê
Minha’alma escondeu esse tão belo e sublime sentimento
De meu próprio ser.
Meu amigo,
Meu grande, fiel e bom amigo.
Digno de todo meu respeito e admiração.
Era assim que o enxergava
Era essa a errônea tradução
Que minha tão cega razão
Dava aos sentimentos que tinha
E assim, eu o amava
Simplesmente sem saber que o amava
Meu amigo, querido amigo
Um dia, sem querer,
Sem a menor intenção
Descobri que não era simplesmente um amigo
E foi aí que percebi
Que o amava.
A descoberta, confesso
Foi-me, no momento, dura e amarga
Assustei-me e chorei
Pranteei pelos olhos, pel’alma
E por todo meu ser.
Considerei desde o início
Ser esse um amor impossível
Um amor absurdo
E tentei convencer-me, ludibriar-me
Mais uma vez enganar-me
Contando mentiras a mim mesma
Dizendo-me que era apenas um amigo
Um grande e bom amigo.
Você também me amava
- Ao menos creio que sim –
Pois enxergava isso em seus olhos,
No lindo e puro brilho de seus olhos
E no suor revelador de suas mãos.
Aí veio o dia em que o mágico aconteceu
O dia em que me declarou seus sentimentos
Mas eu, novamente sem saber o por quê
Sem compreender minhas próprias ações
Resolvi fugir e omitir, novamente,
Meus mais doces e puros sentimentos
Não quis que soubesse que o amava
E recolhi-me, para que se recolhesse comigo esse segredo.
Depois arrependi-me
Mas aí, acho que já era tarde demais
... Tarde demais pra você
E assim, fiquei só com meu segredo
Com esse amor que jamais foi capaz de me deixar.
E agora, aqui,
Nestas linhas que muito provavelmente jamais irá ler
Confesso-lhe que muito o amei
Da mesma forma que, ainda hoje
Continuo lhe amando...
Ana Paula Sardinha
23.11.2002
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