A imagem, sólida, estável, congelada,
Anima-se no imêmore coração.
Um instante perdido no passar do tempo
Parece renascer ao contato das mãos,
Ao rebrilhar dos olhos umedecidos.
A imagem abstrata não pode ser livre
Da celulósica prisão em que se debate,
Mas, ainda que presa no estático quadrilátero,
Parece mover-se além do plano formal.
Vemo-la parada como que a agitar-se
Na memória calcinada pela vida em trânsito.
As cores passam ao momento da desfiguração
E um dia não passarão de bosquejos cansados,
Protegidos na dor de inexorável esquecimento.
Ei-la rediviva em mental ressurgimento,
Assimilada no conjunto da indissociável realidade.
O sangue ainda se movimenta, aquecido,
Na instantânea visão de quem retém o passado.;
O coração retido ainda pulsa no impulso
Da vontade expressa na ânsia momentânea.
A imagem ressurge,
Semanticamente incorporada
À sensação mais interna de quem a possui nas mãos,
Absorvida na vibração corporificada
Do signo inconstante,
Apesar de inamovível.
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