As folhas do jardim
O sono vem, e aos poucos um sonho se esboça.
O rosto velho reage com um rápido sorriso.
Há ventura em seus lábios!
Sinto vergonha.
É necessário calar a voz de escárnio
que vem do peito.
Sorri!
Mas, sorri assim de olhos fechados,
com o corpo no leve abandono da ilusão.
Sorri!
Mas, discretamente, para não me soltar
a mola da piedade.
Os lábios evaporam-se no vento leve de outono.
A figura não mais existe.
Em seu lugar, no banco, há um vazio.
Vento leve de outono,
acaricia o mármore perpétuo
de tua felicidade.
Vento, sorri para a pedra.
Restaram apenas os dois.
Quem sabe sobe a mesma árvore?
Quem sabe no mesmo jardim?
O velho, num estremecimento, acordou,
olhou ao seu redor, e com um gesto vago
levantou e se foi.
O vento sorri para a pedra:
Existem ainda muitas folhas para cair...
Pezente.
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