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cronicas-->UM MINUTO NO SEMÁFORO VERMELHO -- 11/07/2002 - 08:48 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
----- Para Milene Arder e Júlio César.

----- Fui, tinha de ir por dois motivos, um incontornável e outro de somenos importància, mas oportuno e ao calhar do ensejo, dado que desde há uns tempos desejava consumá-lo. Fui para a noite porque a insónia me invadiu martirizante. O dia tinha-me corrido como onda que vai ao fundo do oceano e num ápice emerge até tocar nas nuvens.

----- Fui pois, eram 00h30, para satisfazer um curioso teste pessoal. Como estaria a noite de outrora na noite de agora nos mesmos exactos locais que habitualmente frequentei há quarenta anos. Encontraria eu porventura, ou não, algum conhecido companheiro das apaixonantes madrugadas que ainda me pairam na memória?

----- Comecei pela "Candeia". Nos meus belos tempos funcionava como "dancing", no rés-do-chão, e retiro típico de fados, na cave. As imagens do maestro Castro e Silva , ao piano, Àlvaro Martins e Mário Lopes, à guitarra e à viola, perpassavam-me, sob a mesma luz mortiça, no cérebro.

----- O porteiro, um fortalhaço de cabeça rapada e laço pingado, acolheu-me com um sorriso que nunca me viu e, sem palavras, abriu de imediato a porta de vidro fosco que dava acesso à sala. Entrei. Homens, mulheres e pessoas que não eram uma coisa nem outra, ao todo cerca de uma vintena de indivíduos, tagaleravam, bebiam e fumavam sob o som comedido dum trecho de Joe Dassin: "Et si tu n´existes pas".

----- Um lingrinhas, de bigode em tira e colete negro, serviu-me whisky com gelo e cola num copo decorado com o reclame da "Sumol". Ei lá, que ironia! Provei cuidadoso. Pois... Pois o whisky era "marado", vindo dalguma cavernosa destilaria em cavernoso negócio. Apeteceu-me sair logo, mas aguardei mais uns minutos afagado à distància pelo olhar codicioso duma loura a sonhar com papel. Paguei a despesa, dez euros (!) e saí a planear a abordagem seguinte.

----- Já rodava em direcção ao "Fado", em São João Novo, quando um semáforo ocasional, em vermelho desnecessário (!) durante um minuto, me intuiu repentina mudança de disposição e destino: para quê testar um resultado absolutamente dominado e garantido, sem preconceito, sem presunção, sem hipótese alguma de me proporcionar um reencontro com os longínquos momentos já vividos e tão só para estabelecer a diferença em confronto real?

----- Não me lembrava já da insónia nem sentia também a intranquíla intensidade que me empurrou para a noite e para nada. No relógio electrónico, sobre a mesinha de cabeceira, os números marcavam exactamente 02h13. Acomodei-me no leito, sem pensamento, vazio, pacificamente límpido de apoquentações. Em breve o sono caía dentro de mim, leve, como a morte que apanha as almas sem as avisar.

----- Vou inserir este texto na Usina, em "Artigos" e à cabeça do "Início". Também em "Crónicas". Como referi, dedico-o a Milene Arder, por um motivo, e a Júlio César, por outro. Ambos estiveram na luz do semáforo vermelho!

-------------- As palavras são sementes
-------------- Ora boas, ora más;
-------------- Semeadas entre os dentes
-------------- Nascem todas as manhãs!

-------------------- Torre da Guia ---------------

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