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Contos-->VADIA! -- 14/09/2002 - 00:15 (DENIS RAFAEL ALBACH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vadia

Vadia!
O romance estendido sobre a cama na página noventa e oito. Duas horas de leitura. O amor estava escondido naquelas folhas. Uma história que deve terminar com o final “... e foram felizes para sempre”. Era um conto de fadas e por isso era lido. O amor bem esperado na janela de seu quarto, na expectativa que passasse pela rua e no primeiro olhar ele acontecesse, assim como no livro.
Nunca me contive nessas histórias, em tantas as histórias.Eu fazia a minha própria vida.Maria Clara atenciosa a esses detalhes do dia a dia, era a forma mais fiel e comprovada de dizer que nem sempre duas irmãs pensam iguais.
Envolvia-se sobre as cortinas de seu quarto na noite de lua cheia, deixando o vento entrar pelas suas janelas abertas e assoprar suas cortinas enovelando-se sobre seu corpo e camisola. Fazia calor naquelas noites de dezembro e para Maria Clara nada mais justo que deixar aquela brisa entrar.
Cuidava, sigilosa, como uma santa pura e indefesa para que não entrasse por elas nenhum dos homens que a admiravam. Era um anjo casto que se guardava para seu primeiro amor.Ele virá um dia sem que ao menos eu espere.
Devia ser isto que chamava a atenção e cativava tantos homens: sua pureza.Uma pétala jamais tocada.Seus lábios jamais beijados e seus olhos não tinham ainda visto o que moças de sua idade já conheciam.
Alertou-me que existiam mulheres vadias que seduziriam meu namorado. Arthur não era capaz de se aproximar de outra garota que não fosse eu mesma.
Maria Clara chegava-se como uma ninfeta nos seus dezesseis anos, antes de dormir, com suas tranças castanhas, vestida com sua camisola branca na sala onde eu e Arthur namorávamos para que ele penteasse seus cabelos:
“Tens uma mão carinhosa, Arthur, e cuidas de meus cabelos”.
Ele acompanhava Maria Clara nas suas leituras dos romances. Sentava no tapete de seu quarto, encostado numa almofada, enquanto ela recitava laboriosamente palavra por palavra daquelas histórias de amor.Eu preparava doces de amendoim, o doce preferido de Arthur no momento em que ele dava atenção à Maria Clara. Tínhamos uma diferença: eu cuidava das ações da vida que são soltas. Ela se prendia à espera de um amor e uma ilusão, no sonho de seu casamento como noiva no altar há horas sendo esperada. Era boa com as palavras, com os lábios talvez, e prendia alguns homens encantados ao seu redor que se faziam ouvir enquanto ela falava.Eu tinha uma forma mais extravagante.
Arthur era preso por minhas pernas.Noites de intenso fervor e sexo selvagem aconteciam no meu quarto.Não fazíamos tanto barulho, aliás, não gemia tão alto quanto ele gostava para não acordar Maria Clara. Mas ele era um monstro toda vez que transávamos.
Alguma coisa nele era insaciável – o sexo – como podia tamanho vigor? Um terror de homem na cama que me erotizava e me despia louca e furiosamente com o descontrole de seus gestos de tara. Comia-me como um bicho feroz. Comia-me como um homem dotado de tesão e sensualidade. Ele era grande.Arthur era forte. Era forte e obsceno. Excitava-se com suas palavras em meu ouvido enquanto transávamos:
- Você é minha putinha... cadelinha... abre mais sua vadia...”.
Eu sei que era só naquele instante de intimidade. Mas ele me viciou no sexo.Não poda vê-lo.Chamava-o para meu quarto e assim que entrasse, desabotoava seu zíper e excitava-o para mais uma noite de sexo. Ele vinha sobre meu ouvido e cochichava:
-Te quero minha putinha, vagabunda...
Amei-o durante alguns meses de minha vida.Enquanto eu nada tinha e encontrei nele uma paixão, minha irmã solteira esperava seu amor eterno na janela de seu quarto lendo romances de final feliz.
Mas foi quando ele me deixou que tive real certeza de que final feliz só acontecia nas histórias de ficção. Não consegui ler mais nada de mais importante do que aquele bilhete que me deixou na despedida: “Vou-me embora, não consigo dividir mais minha vida entre duas mulheres. Pode não me perdoar as traições,mas Maria Clara se tornou uma moça bela demais desde que a conheço. Fizemos amor durante estes três últimos meses,eu e ela, e nunca havia descoberto como uma mulher pode prender um homem para si tão somente com suas pernas. Maria Clara abre muito bem e geme maravilhosamente como todo homem gosta de ouvir. Transamos de todas as formas possíveis e imagináveis. Ela aprendeu facilmente. Nem por isso a inveje,você também tem seu lado bom.Adoro seus doces de amendoim. Daqui a alguns dias Maria Clara virá morar comigo nessa nova cidade onde estou para fazermos amor todas as noites”.
Desde que li este bilhete foi que passei a me perder em horas de leitura nos diversos contos eróticos que encontrei nos armários do quarto dos fundos. Sabia que Arthur jamais voltaria para mim.Maria Clara o roubou por causa de seu sexo. Ficariam apenas as recordações:
- Você é minha putinha... cadelinha... abre mais sua vadia...”. “Te quero minha putinha, vagabunda...”.
Tirou de mim o homem que eu amava.
Vadia!









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