A MORTE RONDA O CANGAÇO.
Ana Zélia
Medo, muito medo é o que sinto, parece que minha hora está chegando.
Estou sangrando como gado ferrado, um dia sangra muito, no outro um pouco menos e o medo aumenta.
Não consigo confiar na Medicina, nem nos médicos, eles complicam tudo, antes conheciam os sintomas, hoje, querem e forçam a que o paciente faça um amontoado de exames, ás vezes desnecessários e cruéis.
Tenho pavor de cirurgia, a última em fevereiro de 1972, fui anestesiada e nem estava esticada na maca, quando senti o bisturi cortando meu corpo, dei um grito que até hoje ressoa, tenho pavor de tudo, médico se for cirurgião, nem o procuro, agora tem um exame que precisa tomar uns comprimidos para provocar diarréia, tentei uma vez fazer um exame assim, tive uma desidratação, diarréia e vômito, em vez do exame fui ao pronto socorro tomar soro para hidratar. Será que os médicos não acreditam nas pessoas. O que se passa em vivência, vira medo pra vida inteira. Eis porque acho que meu fim está chegando, como me submeter a um exame destes quando sei que nem vou conseguir fazer, Meu Deus, não pensava que ao chegar nos 6.6 de idade, fosse ficar á mercê da medicina que fica cada vez pior, virou comércio sem solução, sem amor e sem perdão. Diga isto ao médico e eles dizem que é frescura não cabe mais na minha idade. E o medo cidadão, você é humano? Precisa respeitar sentimentos e medo das pessoas, o psiquiatra tenta, me submeto ao tratamento, mas minha mente não ajuda, o medo vem na frente. Fazer o quê? Queria viver mais 30 anos, mas pelo jeito a morte está á espreita. Ana Zélia
Manaus, 25.04.2010.
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