Usina de Letras
Usina de Letras
62 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62245 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A BRASÍLIA AMARELA -- 17/09/2002 - 11:42 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vocês não sabem o que é comer polenta todos os dias. No café da manhã, no almoço e no jantar. É difícil, muito difícil. Por isso achei que deveria mudar-me para uma cidade em que houvessem melhores oportunidades para mim. Arrumei a trouxa e bandeei-me ao complexo demográfico mais próximo.
Quando lá chegamos aluguei uma casinha de periferia e como trabalho aceitaram-me no papel de locutor do parque de diversões. Era tudo muito bonito e diferente. Aquele pessoal amistoso jogava truco, torcia pelos times grandes da capital, trabalhava, e sofria igual a todo mundo.
As coisas começaram a degringolar devido a mudanças de uma tal política econômica e por isso comecei a ouvir vozes que mencionavam minha demissão.
Como o zunzum tornava-se a cada dia mais assombroso, achei que deveria fazer algo diferente para manter meu lugar. Criei um time de futebol de várzea. Com ele motivaria muitas pessoas, teria meu nome fixado na comunidade e me sustentaria com a publicidade correlata nos microfones do parque.
Tudo corria maravilhosamente bem até que o bendito time começou a perder jogo após jogo. Eu implorava, via microfone, que todos prestigiassem a agremiação. As pessoas compareciam, mas estava ficando muito chato. Os resultados em termos de vitória e classificação autorizavam toda a torcida a deixar-nos.
Os atletas pensavam que deveriam receber salários, em contraponto com as minhas idéias de que éramos amadores.
Bem, os litígios foram acentuando-se até o ponto de rompimento. A publicidade não gerava mais interesse. Estava atrelada aos rendimentos esportivos e estes eram nulos. Nosso esquadrão perdia os embates e sempre víamos o bom conceito ir por água abaixo na comunidade. A opinião pública a nosso respeito era tal que os torcedores se afastavam. Éramos fracos e flácidos.
Por isso, quando surgiu aquela pessoa, aparentemente com bons propósitos, tentando patrocinar-nos, suplantei heroicamente meus ciúmes e aceitei a proposta.
O cidadão era empresário do setor de transportes e não era indolente. Tinha estrutura e recursos incomensuráveis. Apesar da emulação que sua presença me suscitava, mantinha a recionalidade no controle e depois de algum tempo pude comprar a minha Brasília amarela.
Para me precaver, redobrei todos os laços de aliança com meus grupos de pressão. eram terreiros e centros com os quais, sempre sem saber dos meus verdadeiros propósitos, executavam minhas ordens religiosamente.
Então o inevitável começou a acontecer. A liderança do empresário exigia mudanças tais que minha presença tornar-se-ia dispensável. Bem, para mim aquilo seria a morte. Não poderia deixar-me escorraçar assim impunemente do meu próprio empreendimento.
A gota d´água que detonou minha fúria assassina foi a deliberação da troca das meias e calções do time. Cáspita! Podia tudo, mas substituir as cores e os desenhos do uniforme? Ora o cidadão estava mexendo com marimbondos. Apesar da minha aparência de pipa tinha meus momentos de inseto vespídeo. Eu era daqueles que dava um avião para não entrar numa briga. Mas se entrasse, dava uma esquadrilha para não sair. esse empresário mal sabia que minha família tinha ligações com o Goering e que a Luftwaffe fora uma das escolas básicas para alguns dos seus membros. Ele não sabia com quem estava lidando. Por isso todas as minhas energias, daqueles dias em diante, foram consumidas no enredamento do usurpador.
A relação foi rompida. Mas sempre que ouço falar no seu nome ou quando criticam o esquadrão glorioso, que ainda mantenho, por meios indiretos faço com que ele sofra prejuízos enormes na sua frota.
Está pensando o quê, mano velho? Você é daqueles que ainda acha que sempre fui um menino mimado, insolente, prepotente e que a sociedade toda deve me obedecer? Você ainda não viu nada.
Você não me conhece.

Se você gostou deste texto, contribua com qualquer importância depositando-a na conta 01-012.782-7 da agência 0016-7 do Banco Nossa Caixa S.A. para que mais e mais pessoas possam usufruir.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui