Usina de Letras
Usina de Letras
139 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50628)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->Um jantar no além -- 04/06/2003 - 18:55 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Literatura de cordel

Um jantar no além

Estando na sentinela
Vi um defunto estirado.
Um cara passou e disse
Mostrando encorajado
Falou para o defunto:
Antes de ir a Pé Junto
Tens um almoço marcado!

Almoça comigo hoje
Saia deste caixão
Meu almoço é gostoso
Tem galinha no fogão
Se prometer que vai
Garanto dali não sai
Sem comer o meu pirão.

E por fazer pouco caso
Falando com gozação
Pra mostrar a platéia
Que estava no salão
Com sua falta de respeito
Ele falou desse jeito
Levanta desse caixão!

Disse isso e sorriu
Mas logo foi embora
Deixando uns curiosos
Surpreso naquela hora
Quis provar sua coragem
Diga-se aqui de passagem
Que não fez muita demora.

Logo que ele saiu
Uma materialização
Tomou conta do ambiente
Houve uma transformação.
Seu perispírito saiu
Até um vidente viu
Mas não deu opinião.

Sol quente naquele dia
Bem na hora do almoço
Bate na porta da frente
Logo atendeu o moço.
-Eu vim aqui almoçar
Disse o defunto ao chegar
Vim roer aquele osso.

O cara amarelou
Deu até pra gaguejar
Bebeu um gole d água
Para o susto passar
Já que fez a bobagem
Mostrando sua coragem
Mandou o defunto entrar.

O corajoso assustado
Mandou o cadáver entrar
Disse sente-se à mesa
Vamos todos almoçar
A família sem saber
O que estava a acontecer
Não fez mais do que calar.

O cara desconfiado
Mostrando arrependido
De fazer a brincadeira
Pensou: fui atrevido!
Mexer com o além
E não sabendo com quem!
Mas estava garantido.

Foi um silêncio profundo
Ali naquele ambiente
Como é que o defunto
Chegou ali de repente?
Pensou o corajoso
Mas que caso horroroso
Agora eu que agüente!

Levou logo para a mesa
Mandou ele se sentar
Todos já sentados
Trataram de jantar
No ambiente recendia
Que todo mundo sentia
Cheiro de vela no ar.

O defunto mastigava
Que mexia o pescoço
Comia pirão com galinha
E também roia o osso
Com olhar amarelado
Olhando pra todo lado
Depois fixava no moço.

Para surpresa sua
O cadáver ao levantar
Convidou o atrevido
Para com ele jantar
O corajoso tremeu
Depois se convenceu
E resolveu aceitar.

Disse volto mais tarde
Para poder te buscar
Você vai ver onde moro
Para podermos jantar
Aproveita a estiagem
Pra fazer a viagem
Prometo que vai gostar.

Foram como pensamento
Sem bilhete de passagem
Saíram bem à tardinha
Testando sua coragem
Viajando com um morto vivo
Sem com ele ter convivido
Foi fazer esta viagem.

Avistou uma cidade
Que catacumba não tinha
Tudo nela planejada
Disse que sorte a minha
O cadáver silencioso
Mostrava mais amoroso
Já dizendo porque vinha.

Passaram por verdes campos
Que bonita maravilha
O tempo ali era parado
Não lembrava da família.
Tanta beleza nos montes
E o sol lá no horizonte
Já mostrava porque brilha.

Entre o almoço e o jantar
O tempo correu demais
No além é diferente
Muitos anos foram pra trás
Viu muitos conhecidos
Também alguns amigos
Que já não lembrava mais.

Chegaram os dois na morada
Num lugar bem arejado
Nem sonhava que um dia
Ia jantar do outro lado
Vieram esposa e filhos
Com olhos cheios de brilhos
Receber o seu amado.

O cadáver ali tinha vida
Era mesmo interessante
Parecia até um sonho
Ele ali naquele instante
Vibrando e tendo emoções
Com bondosos corações
Amando um ser errante.

A mesa farta na sala
Parecendo que esperava
Aquele morto vivo
Que da viagem chegava
Então foram jantar
E ele ali naquele lugar
Notava que o tempo parava.

A mesa já preparada
De soja a vegetais
Saboreou nutrientes
Não vindos de animais
Disse esses eu nunca vi
Mas como estavam ali
Saboreou demais.

Foi uma viagem longa
Mas de belas paisagens
Coisas interessantes
Desde a hospedagem
Achou maravilhosa
As terras arenosas
Cheia de belas imagens.

Num ambiente agradável
Viu todos em harmonia
Aquele morto vivo
Mostrava sua alegria
Todos daquela cidade
Tinha a felicidade
No interminável dia.

Chegando a hora da volta
Para casa retornou
Revendo as belas paisagens
Nas estradas que passou
Eram terras diferentes
Bem ali na sua frente
Foi assim que avistou.

Chegando em seu lar
Diferente ele achou
Só ele estava novo
Todos velhos ele notou.
O que teria acontecido!
Será que tinha morrido?
Ele não acreditou.

Viu o caçula e pensou:
Está mais velho que eu!
Sua esposa caducando
Que nem lhe reconheceu
Só ele novinho em folha
Tentando sair da bolha
Que ele mesmo se prendeu.

Quando estava no além
O tempo estava parado
Ele lá é diferente
Do que esse deste lado
Relógio é coisa do Homem
Este tempo ele consome
Deixando o novo acabado.

Chegou em nova família
Os filhos não lhe conhecem
Foi brincar com o além
Em vez de fazer uma prece
A carne é quem acaba
Vive o espírito ou alma
Quem já foi ninguém esquece.

Sua família agora é outra
Graças à reencarnação
Foi pai agora é filho
Trocado em cada dimensão
A viagem daqui pra lá
É a mesma de lá pra cá
A procura da perfeição.

Airam Ribeiro
03/06/03

E-mail airamribeiro@zipmail.com.br























Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui