Usina de Letras
Usina de Letras
16 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A aposentadoria da lousa -- 10/05/2010 - 17:59 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Computador, internet, celular, Bluetooth, projetor, TV LCD, Blueray, mp3,4,5,6,7,8,9,10... A cada mês outra novidade que desafia uma das competências do professor previstas por Philippe Perrenoud em seu livro “Dez novas competências para ensinar”, Editora Artmed: o professor deve saber utilizar novas tecnologias. Perrenoud aponta essa competência como obrigatória para docentes, mas é possível dizer que o mesmo vale para profissionais de qualquer área. Não há mais charme em frases como a de Antônio Fagundes, o ator, que diz, com criatividade e certo orgulho pretensioso: “eu sou um analfabyte”. Analfabetos tecnológicos desempenham com facilidade os piores papéis na vida: vítima, manipulado, dependente, estagnado e outros mais. Ou você se inclui, cai na virtual, ou, quando cair na real, estará sozinho em outro século.

Discurso tecnológico ajustado, entremos na sala de aula, e lá está ele: o bom e velho quadro-negro, que é verde se for para giz, ou branco, se for para pincel atômico. Apesar de toda a tecnologia que nos cerca, o que prevalece em noventa por cento das aulas é o tal GLS: Giz, Lousa e Saliva. Foi-se o tempo em que a desculpa para a não utilização rotineira de recursos tecnológicos em sala de aula podia ser a falta deles. Mesmo nas escolas públicas é possível ser taxativo e dizer: todo professor tem acesso a pelo menos um novo recurso que pode ser usado para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Computadores estão em todas as escolas, mas muitos dirão que não estão na sala, e o professor não ganha o suficiente para comprar um notebook. É verdade. Além disso, digo eu, um computador em sala de aula sem acesso à internet é pouco mais que uma máquina de escrever ou uma calculadora. Projetores são privilégio das escolas particulares. É verdade outra vez. Até aqui, parece que meu radicalismo não passou de bravata. Vou até me retratar: enviarei a todos uma mensagem SMS de desculpas pelo celular. Ah! O celular! Não vou precisar de perdão.

Todos os alunos da escola básica, pública ou privada, levam o celular para a sala de aula. Esse fato é tão fato que até uma lei estadual foi aprovada e proíbe o porte desses aparelhos nas dependências da escola. Tal lei é tão absurda quanto proibir o uso de computadores na escola. O telefone celular não é apenas um telefone. Hoje os aparelhinhos até podem fazer chamadas, mas são, antes, verdadeiros terminais para recepção e transmissão de informações textuais ou audiovisuais, via Bluetooth, além de permitirem o acesso à internet, via Wap. O professor pode limitar o uso dessa tecnologia para fazer ligações telefônicas, o que me parece bem razoável. Quando a escola, no entanto, ignora o potencial da tecnologia móvel, da qual o celular é uma porta, está impedindo que a lousa se aposente.

Nada contra a lousa. Ela é um eficiente meio de transmissão de conteúdo, e deve ser vista apenas assim, embora muitos usem a lousa como forma de controlar a sala de aula. Para esses professores, o quadro-negro serve para criar uma distância entre professor, aquele que manda na lousa, e o aluno, aquele que copia o que o chefe-professor manda. Para esses, as novas tecnologias são mesmo um problema, uma vez que tendem a igualar corpo docente e discente, e, muitas vezes, colocam o aluno à frente do professor no controle da tecnologia em si. Professores morrem de medo de perder o controle.

Quem já perdeu certos medos, precisa se perguntar: como fazer para que meu aluno deixe de assistir a videocassetadas e episódios do Chaves no celular e no MP4 e passe a assistir às minhas aulas ali naquela telinha? A reposta parece ser simples: ele não assiste a sua aula no celular, primeiro, porque você não a entrega no formato certo. Ainda não é possível escrever com giz na lousa comum e enviar via Bluetooth para o celular da galera. A culpa é sua. Por último, qual seria a sua reposta se um aluno perguntasse: “em vez de perder tempo copiando o que tá na lousa, posso fotografar com a câmera do meu celular?” Sim ou não, p´ssor?



*Publicitário e professor de língua portuguesa.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui