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Contos-->Cassius -- 17/09/2002 - 16:50 (Marcelo Santos Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela encontrou uma rosa vermelha em cima do balcão da lanchonete que trabalhava, enquanto Tommy a observava no escuro, do outro lado da rua...Lucy já era uma mulher feita com seus 19 anos, morena, cabelos compridos, um belo par de olhos, do tipo que era a todo o momento assediada por homens de todos os tipos; mas aquilo nunca acontecera antes, uma rosa vermelha no balcão do seu trabalho pela terceira vez seguida e o mais estranho, apenas nas sextas feiras? E o pior, anônima. Lucy pegou a rosa e antes de vestir seu uniforme jogou-a no lixo e sua rotina continuou.Tommy observou tudo do seu canto escuro, com um sorriso amargo no canto da boca, fechou os olhos como numa lembrança que cruza o pensamento do nada, rápido e bom. Ele pensou consigo mesmo que a hora estava chegando, que não iria agüentar essa distância por muito tempo. Ele era um homem bonito, aparentava uns 25 anos, alto, magro e com os olhos grandes e brilhantes, que sempre dizia serem sua arma de sedução.
Por volta das 3 da manhã Lucy chegou em casa, não se deu o trabalho de acender as luzes, subiu direto para o banho, arrancou suas roupas sujas e mergulhou seu belo corpo de baixo do chuveiro quente, e a sensação foi a melhor do mundo; ficou ali parada, deixando a agua fazer seu trabalho, parecia estar com o pensamento bem longe dali; na realidade pensava no seu ex-namorado, que fora morto há 1 ano e pouco atrás, uma morte misteriosa e que ata hoje a angustiava; nesse tempo nada de homens, nada de sexo, mas o corpo humano tem necessidades, mas ela preferia se guardar, mas a agua estava boa e ela tão relaxada que começou a se acariciar, bem sensual, dando a si própria um pouco de prazer... Não sabia, porém, que estava sendo observada. Tommy estava com o rosto grudado na janela e mesmo com todo aquele vapor conseguia distinguir o corpo nu e belo de Lucy e seu corpo ardeu na fogueira do desejo, decretando o destino de Lucy.
A semana passou no seu ritmo constante, mas na sexta feira lá estava ela, a rosa, o balcão, Tommy no escuro e Lucy, que agora apanhava um pequeno bilhete que estava junto:
“Querida, teu corpo é uma ferida aberta no meu desejo, salve-me, se entregue a mim, sacie o meu prazer, em troca te darei o mundo. Tommy”.
Ela estremeceu...Tommy? Não conhecia ninguém com esse nome, mas assim mesmo trabalhou naquela noite angustiada, com um medo estranho.
Tommy pensava: - Pronto, agora que vida siga seu destino.
Lucy saiu como de costume da lanchonete, cansada, e sentindo que sua vida estava estagnada num ponto que ela própria não gostava, sem dinheiro suficiente para suas necessidades de mulher, sem namorado para seu prazer. Quando chegava perto da porta de sua casa viu uma coisa que a fez estremecer novamente e a paralisou: uma enorme rosa vermelha enrolada na maçaneta de sua porta! Aquilo estava passando do limite, mas algo a fez sair dos seus pensamentos, ela ouviu passos quebrando folhas sécs atrás dela e num movimento rápido se virou e conheceu seu admirador secreto.
-Quem é você? Pode levar o que quiser, só não me estupre nem me mate pelo amor de DEUS!
-Calma Lucy, deixe-me apresentar, meu nome é Tommy, sei que meu método de paquera e de aproximação não foram convencionais, mas só queria te conhecer e que você soubesse quem sou eu.
-Não estou entendendo, o que você quer de mim? O que eu fiz prá você se aproximar de mim?
-Lucy, Lucy, será que você não tem consciência de sua beleza? Você me atraiu Lucy, de uma forma tão forte que eu não reisti e tomei coragem de tentar a sorte com você...Só isso!
-Não acredito em você, um cara totalmente estranho, que me segue na noite não sei, não quero saber mais nada sobre isso, preciso dormir, preciso...
-Se você me permitir, provo a você que não sou nenhum bandido, sou apenas um homem apaixonado, tímido, que não encontrou outra forma de me aproximar de você, tudo o que te peço é chance de me redimir...É só marcar dia e hora.
-Deixe-me em paz por enquanto, preciso ordenar minha cabeça, quando eu me acalmar, ai veremos.
-Quando você estiver pronta me deixe saber, ok?
Mas tudo o que ouviu e viu foi o barulho da porta se fechando entre ele e seu objeto de desejo: - Nada mau, nada mau...
Algumas semanas se passaram sem nada de novo, as mesmas sensações, as mesmas rosas vermelhas, os mesmos bilhetes: - Lucy, uma chance.
Até que um dia ela, quando chegou na lanchonete e viu a rosa, sorriu sem se conformar com a situação e no seu pensamento resolveu dar uma chance de recuperação o estranho homem, Tommy não era esse seu nome? Sim...
Quando o seu expediente terminou, ela saiu e começou a caminhar, mas lá estava Tommy, parado, com seus grandes olhos encarando Lucy: - Ai meu Deus, vamos ver no que isso vai dar.
E no caminho Tommy contou da sua vida como homem de negócios, como um andarilho solitário; de suas viagens pelo mundo e de como foi atraído pela sua beleza.
Lucy começava a ficar interessada nesse homem, encantada até pela sua forma de falar, pela sua educação e pelos seus modos delicados, tão perfeito que chegou a pensar que talvez Tommy fosse gay, mas não, não era.
Chegaram na casa de Lucy e ele educadamente se despediu, não insistiu pra entrar, não?
-Não quer me acompanhar num café?
-Lucy sabemos que ainda não é a hora certa? Vamos nos conhecer primeiro, ainda não sei o que você vai querer de mim? Sorriu alegremente.
-Você tem razão, você é diferente Tommy. Quando nos veremos de novo?
-Não gosto de marcar nada, nunca dá certo, vou aparecer, isso é certo, mas só quando você realmente sentir vontade de me ver de novo, agora vá, está ficando tarde.
No banho Lucy tentava recapitular toda a conversa que tivera com Tommy, sua educação, o respeito a impressionou demais, pois estávamos num tempo que o homem só pensava em levar a mulher prá cama e sumir no dia seguinte, mas ele nem ao menos quis entrar! E o pior é que foi ela quem o convidou! Incrível! E o desejo ardeu no seu corpo como a muito não ardia, na janela Tommy a observava novamente, sorrindo...
Muitas outras noites se passaram, muitas conversas, muita troca de olhares, e sempre com o gesto final, o pedido de paciência que sempre vinha de Tommy: - Ainda é cedo, a nossa hora chegará.
Algum tempo depois, Lucy chegou ao trabalho e já da porta avistou a rosa no balcão e seu coração quase saiu pela boca, mais uma vez um pedaço simples de papel e a letra inconfundível de Tommy: Não agüento mais, eu quero você...HOJE.
Finalmente o dia havia chegado e Lucy estava radiante; nunca sentira tanto desejo por uma pessoa praticamente desconhecida, que tinha chegado tão repentinamente e de forma tão inusitada na sua vida, mas pensou, nunca havia cometido uma loucura e essa seria por uma boa causa.
Naquela noite se despediu de todos os colegas de trabalho e saiu pela porta com um sorriso arrebatador nos lábios e que brilhou mais ainda quando viu uma coisa absurda; o caminho estava forrado de pétalas de rosa, todas vermelhas e Tommy a esperava num canto logo adiante; a primeira reação de Lucy foi correr e se atirar nos braços dele e beija-lo com tanto ardor que Tommy precisou se afastar para recuperar o fôlego. E assim foram caminhando para a casa de Lucy, agarrados como se fossem uma pessoa só escondidos pelo manto negro da noite.
Chegando finalmente em sua casa Lucy convidou Tommy para se sentar enquanto preparava seu banho:
-Fique a vontade, tem bebida na geladeira e se quiser comer alguma coisa é só procurar.
-Lucy querida, a única coisa que quero nesse lugar é você, a propósito posso te pedir um pequeno favor? Ele a encarava com desejo.
-Peça...
-Não demore. E sorriu para ela.
Lucy entrou no chuveiro como que tentando adivinhar o prazer que teria, na loucura que seria: - Quanto tempo meu Deus! Ela mesma não estava acreditando em tudo o que havia acontecido nos últimos meses.
Quando saiu do banheiro vestindo um belo roupão branco, não consegui esconder o espanto e a alegria no olhar, Tommy havia forrado a cama com pétalas de rosas, enquanto olhava para a rua de costas para Lucy.
-Apague a luz Lucy e venha a mim.
-Por que tudo isso? Você é sempre assim? Exageradamente romântico? Ela não estava acreditando.
-Sou há muito tempo. Num tempo no qual a mulher era um tesouro e é assim que te vejo; te encontrei por acaso e desde esse momento tenho nutrido por você uma fome, um desejo de te possuir irresistível.
-Você fala cada coisa. Ela apagou quase todas as luzes e caminhou até a janela.
Ele a pegou nos braços e a levou para cama; ela só via a sombra dele mas estava sentindo seu toque, que para uma noite de verão estava meio frio, devia estar nervoso pensou. Estava nua e ele a beijava profundamente, mas a melhor sensação foi quando ele passou beijar-lhe o pescoço, era uma mistura de prazer e um pouco de dor.
-Tommy vai mais devagar, está doendo.
- Procure sentir com mais profundidade, se liberte de convenções, sinta como se nunca tivesse feito isso.
-Fale no meu ouvido...
-Eu estou por aqui por muito e muitos anos, roubando a fé e a alma de muitas pessoas...
Lucy sorriu, mas achou estranho, quis se virar mas estava presa, não era as mãos de Tommy, eram laços que prendiam suas mãos, mas como? Como teria ele feito isso sem ela perceber?
-Me solta Tommy, assim não gosto!
-Eu estava por aqui quando Jesus Cristo teve seu momento de duvida e dor.
-Você é louco! Me solte!
-Lucy querida, esse é o momento, você não vê ávida que você leva? Quero você prá mim, inteira, seus desejos, sonhos, recordações, em outras palavras quero sua vida.
Num golpe ele abriu a garganta d pobre criatura e com a língua sentiu o primeiro frescor do prazer imaginado; um sangue tão doce quanto o sabor do vinho que se lembrava tão claramente, de uma época perdida no tempo.
-Lucy escute, como dizem no seu tempo você é um tesão. Riu profundamente enquanto seus caninos já perseguiam o pescoço da mulher já desmaiada. – Eu assisti com satisfação quando seus reis e rainhas lutaram por dez anos pelos deuses que eles próprios criaram.
Ele sugou todo o sangue de Lucy e também sua história, sua solidão, seu medo... Nunca havia sentido uma paz tão completa, sem duvida fora sua vítima mais perfeita; tanto que quis dar um final teatral e assustador ao ato.
Caminhava pela rua escura, madrugada alta e lua cheia. – Perfeito!
Achou um telefone público e fez uma ligação e saiu andando calmamente até ser engolido pela noite sem termo.
Vinte minutos depois polícia entrava na casa de Lucy e vasculhou tudo até chegar ao quarto da mulher, e o que se viu entraria para a história da pequena cidade e para os arquivos negros da polícia.
Lucy estava pendurada na parede, na cabeceira da cama, branca, seca, com os olhos parados marcando a hora que deixou sua vida. No seu corpo estava escrita uma mensagem para os policiais, simples e aterradora:
-Prazer em conhecê-los, espero que se lembrem do meu nome, confundir vocês é a natureza do meu jogo, até... Cassius, o Vampiro..
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