Queria ser a chuva
que encharca-lhe inteiro
sem pudor, em rajadas
chuparei sua carne se for
água, e trêmo querido
de desejo, eis de nunca
secar, posso se amanhã
o suor que expira sua
pele hoje molhada
amanhã molhada
e ardente como a luz
do sol, você, satisfeito
nem saberá que sou
a água a contentar sua
sede, a afagar seu corpo
a aliviar seu sôfrego
e a beijar-lhe por dentro.
Queria ser chuva, suor
e água, para ser sempre
sua e não querer mais nada.