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Artigos-->Minuta, por exemplo (ou: "reflexões usineiras?") -- 30/01/2002 - 21:08 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sempre tive horror por certas palavras que me soam feias. Fujo delas, essa é a verdade. Evito-as. Um estilo é, como alguém já disse, o resultado principalmente da capacidade que um determinado autor desenvolve de não passar por certos temas, por certas palavras, por certas formulações.



Minuta, por exemplo, mesmo sabendo que existe e que esteja sendo usada com propriedade num determinado contexto, às minhas orelhas soa como um alerta, a sirene do apocalipse, dizendo "aí tem coisa".



Uma desgraça nunca vem sozinha, ou "vem a cavalo" como diziam os mais antigos ainda do que eu. Determinadas palavras, quando ocorrem, só podem mesmo estar puxando desgraças.



Freqüentando o site há aproximadamente um ano e seis meses, posso dizer com absoluta certeza que nunca ficamos tão expostos a palavras feias como neste momento, como nos últimos três meses talvez. Junto aqui a minha voz a Rodrigo Contrera e Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior e alguns outro que já se manifestaram a respeito e, devo dizê-lo, sem o mesmo ardor por essas contendas usineiras, já tive mais entusiasmo, para sugerir que o nosso critério deva ser mesmo a variedade, a diferença, a liberdade irrestrita. Perto do que aí está, não há como não concluir, que, com todos os problemas que antes me levavam a pelejar dentro do site, o anonimato, os excessos, as fezes, tudo junto, não há nada pior do que alguém escrevendo mal.



Chego a pensar que o mundo apenas aparentemente nos oferece tantas escolhas. Na relação com os demais, por exemplo, só vejo duas. Uma delas é conquistar alguma autoridade, e autoridade conquistada implica em compreensão para com o próximo, respeito pelas diferenças, tolerância para com os defeitos, aceitação dos limites de cada um, humildade, e uma série de outras virtudes, numa palavra, exige humanidade. Ah, é claro, exige competência. Nem seria preciso dizê-lo. Num site literário, que se exerça domínio sobre o idioma e sobre os fundamentos da literatura.



A segunda opção é para quem tem muita pressa ou já se sabe, de antemão, incapaz de tudo isso, desse grande esforço que exige a construção do mundo. E só pode se ver mesmo encantado com o autoritarismo, com a prepotência, com a arrogância, só pode falar mesmo no plural majestático, só pode querer mesmo jogar areia nos olhos do leitor, ou, o que é pior, tentar ludibriá-lo com um jargão supostamente técnico, qualquer que seja. E, nesse momento, convenhamos, nada mais apropriado do que usar palavras bem feias, dessas que já trazem caspas no bigode e no paletó. Minuta, por exemplo. É, aí tem coisa. Desgraça vem a cavalo, diziam os bem mais antigos ainda do que eu.



E também fico com o Bruno Freitas, coberto de razão em sua opção pela literatura, por todas as formas de se fazer literatura, todas. E, também aprendi isto, apesar de todo o resto. Por reacionário que pareça, o tempo é um grande mestre. Não há por que ter pressa. É preciso recuperar a duração.



Confesso que tenho aprendido bastante com os meus autores preferidos neste site, ou mesmo com leitores que me enviam críticas e sugestões. Devo a Elvira Talvez, por exemplo, "minha plantinha do Recife", ter abandonado, e para sempre, aquele meu furor combativo de antes, quando me excedia em "reflexões usineiras" (lembram-se?). Depois do toque providencial, ainda ensaiei uma nova série, mas que ficou restrita a um artigo solitário, com o título de (salve, Ari Barroso) "reflexões inzoneiras".



No meu entender, nenhuma alteração na atual classificação de textos poderá salvar maus escritores. Hoje olho com paciência e resignação esse rebolado todo de certos autores, a ocupar todos os espaços com seus espasmos nada literários, aflitos, afoitos, querendo se impor a qualquer preço, arvorando-se em marqueteiros de si mesmos, achando que merecerão leitores. Nesse sentido, mas por outras razões, fique bem claro, já experimentei de tudo. Exerci esse meu direito. E acatei as críticas sempre que foram procedentes. Já fui de publicar um texto em quase todos as secções. Mas mesmo isso tinha ainda alguma intenção literária.



A verdade é que tenho feito do usina o meu canteiro de obras, o meu laboratório, a minha oficina de trabalho.



Tenho produzido no site e para o site. Essa minha produção já me rendeu um número, para mim inacreditável, de leitores, a tradução de um romance de Robert Walser para a editora Siciliano, que é o que tenho feito nos últimos meses entre suores e gargalhadas, o convívio e a correspondência e algumas parcerias com alguns autores/leitores, a honra de participar do zine literário "ao pé do ouvido", editado pelo JÔNATAS PROTES (Botucatu), convites para colaborar em outros sites, e textos que venho reescrevendo e publicando alhures.



É assim que o site me serve e é assim que dele me sirvo. Convivemos. Como Rodrigo Contrera, não vejo razões para que ele seja transformado. Mais que isso, é preciso que os seus autores/leitores se transformem. Se não, nada feito. Podem fazer o que quiserem. Falar com o Seu Valdomiro (???), alegar intimidades, fazer supor alguma autoridade.



Mas, por favor, não se furtem ao esforço que exige conquistá-la. Não deixem de aprimorar os fundamentos necessários à escrita. E não nos despejem todos os dias maçarocas indecifráveis e essa profusão de palavras feias (argh!). Minuta, por exemplo ...
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