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Artigos-->A Sociedade Contemporânea e a Educação -- 02/07/2000 - 23:56 (Denise Mafra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A mudança dos paradigmas trazida pela nova economia, que por sua vez vem a rebote da globalização, exige uma revisão dos valores individuais e corporativos na sociedade contemporânea. Tanto os indivíduos, antes vistos como detentores de algum saber específico que os tornava empregáveis no contexto das empresas, como estas, deparam-se com uma nova realidade de produção em que se disputam qualidade e quantidade de bens de consumo, agora sem fronteira. Nessa frenética produção, onde há liberação de bens e capitais financeiros e intelectuais, se inclui principalmente a informação e, tanto trabalhadores quanto empresas necessitam estar preparados para enfrentar este voraz universo de demandas acirradas e de competição sem tempo ou espaço decorrente da economia global.

Restrito aos paradigmas da administração na sociedade atual, Peter Drucker(1), numa lúcida revisão de valores dos modelos tradicionais da administração, analisa o deslocamento do eixo da organização “para dentro”, centralizada e hierárquica proposta por Fayol no início do século, para a administração “para fora”, em que o conceito de liderança e de trabalho em equipes comprova que as empresas não podem mais se centrar em si mesmas. Segundo ele, as empresas precisam concentrar-se na capacidade que elas têm de utilizar eficientemente sua estrutura para interagir com terceiros, com o mundo lá fora.

Esta é apenas a ponta do iceberg, pois qualquer autor ou estudioso da administração moderna sabe que a empresa não pode sobreviver se não levar em conta a emergência do que está acontecendo ao seu redor. Daí os modelos de administração de benchmarking, que vieram legitimar a espionagem industrial para o bem dos padrões empresariais que se descobriram como ilhas sem sobrevivência no isolamento...Hoje os resultados da empresa são positivos ou negativos de acordo com o que a sociedade estabelece fora dela e os demais pressupostos do marketing ganham força. Propagandas, instrumentos de mídia conteúdos em imagen,iamgens em conteúdos. Tudo o que fizer vender mais, produzir mais, ultrapassar limites e fronteiras. Para esta meta, importa e faz sentido mais que a centralização e a hierarquia, a busca de parcerias ao lado da participação dos que executam, gerenciam e dos poucos trabalhadores que conseguem sobreviver porque conhecem e dominam o que conhecem. Este modelo de administração promove o dowsizing hoje, assim como promoveu a reengenharia em outros tempos, de início das novas estruturas. Os trabalhadores que sobrevivem hoje são aqueles que buscaram qualificação, desprezaram as falas de que a hierarquia havia acabado e aprenderam a e compartilhar o que sabem e o que fazem. São eles que, nesta nova proposta de economia global, ainda constroem e reconstroem cotidianamente o contexto organizacional. Mesmo com a opressão das máquinas, como fantasmas disputando cada uma das vagas, a participação dos trabalhadores no contexto das organizações não pode e nem deve ser desprezada. Ou será possível considerar que a tecnologia funciona por si só, sem a presença do capital humano? Há, mesmo nos novos paradgimas, capital humano e intelectual na concepção, na manutenção de metas e na gestão das idéias que não se resguardam mais entre paredes empresariais ou mesmo entre fronteiras nacionais.

Com efeito, as empresas perderam, com a globalização, as fronteiras. Esta nova estrutura, que tem sido chamada de empresa transnacional, vale pelo que busca alcançar, pelos resultados que espera e não por seus limites. Assim, as empresas não mais se organizam de maneira linear, mas lançam-se ao mercado para atender às necessidades do mundo globalizado. Neste contexto, constituem o carro chefe da globalização, porque possuem um grau de liberdade inédito, que se manifesta na mobilidade do capital, nos deslocamentos, na terceirização e nas operações de aquisições e fusões. Todos os dias, seja em países do G7 ou no Brasill, Chile ou Argentina, assistimos a novas incorporações de empresas por outras mais fortes, que se juntam, organizam-se sempre para buscar fatias maiores de mercado, maior produtividade e lucro...

A decorrência desta realidade econômica sobre os aspectos sociais é bastante grave: a hegemonia do capital financeiro, com novas formas de acumulação, acentua a velha distribuição desigual de riquezas própria do capitalismo; promove também a manutenção ou o agravamento das distâncias entre países ricos e pobres; o desemprego e outras estratégias cada vez mais excludentes. Os métodos de gestão da produção, sustentados pela busca do aumento desgovernado de produtividade por parte dos países de economia mais avançada, desafiam, portanto e cada vez mais, os governos dos países em desenvolvimento para buscarem modelos de gestão que levem em conta as perspectivas sociais: modelos de educação e de preservação dos direitos dos trabalhadores que não exclua a priori.

É notório, e os autores da área econômica vêm notificando isso há tempos, que o neoliberalismo da globalização está deixando de levar em consideração os riscos de exclusão já anunciados por Keynes e Marx. Para eles, a intervenção do Estado se faz necessária:



&
61623; "para garantir a inserção social da força de trabalho no processo produtivo, ou sua manutenção apesar de desempregada;

&
61623; para administrar a moeda centralizando sua dinâmica, de forma a não deixá-la à mercê de interesses privados;

&
61623; para intervir na relação entre capital financeiro e capital produtivo, de forma a evitar o predomínio da especulação comprometendo a acumulação de capital.." (2)



Se a globalização, como processo econômico, social e cultural não pode ser evitada, apesar de que há autores que conseguem vislumbrar alguma reversão neste processo(3), é necessário e urgente que cada país, principalmente os subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, repense seus projetos nacionais, e os adapte a nova situação para que fiquem explicitadas as necessidades e as prioridades de desenvolvimento de cada sociedade. É preciso rever metas e objetivos para preservar reservas humanas e condições de economia nacionais., mas sob o ponto de vista histórico, é necessário

O mercado de trabalho está mudado e instável.. Hoje não há mais como evitar a redução da jornada do trabalho ou os contratos por tempo determinado, por imposição da nova economia. As taxas de desemprego e de sub-emprego aumentam tanto nos países menos desenvolvidos como nos desenvolvidos. As políticas econômicas não conseguem reverter este lastimável quadro, em que se corre o risco de as conquistas trabalhistas alcançadas no decorrer do século XX serem destruídas.

Por outro lado, a mão-de-obra menos qualificada é ainda mais descartada. Na globalização, pode-se assim dizer, que uns ganham mais e outros perdem mais, ou seja, até mesmo nos países em que o capital financeiro predomina sobre o capital humano, os índices de desemprego têm, paradoxalmente, aumentado por não se conter a fera da globalização. Faz-se urgente que os planejamentos e a administração do Estado-Nação e das empresas nacionais considerem a necessidade de fortalecer os direitos dos trabalhadores, ao tempo em que devem favorecer-lhes a qualificação para o trabalho, fazendo-o de modo massivo. As empresas, assim como o Estado, necessitam urgentemente propor projetos viáveis na área de educação e preocuparem-se com a contínua capacitação do indivíduos.

A educação a distância surge aqui como uma das possibilidades que permitem o ágil acesso à informação para uma gama de trabalhadores que estão fadados à exclusão, caso não sejam incluídos no processo de acúmulo de conhecimento exigido pelos novos tempos e acirrado pelo desenvolvimento da tecnologia. A educação nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento deve ser, mais que nunca, encarada como libertação (Paulo Freire). Neste contexto, a administração das escolas – do nível básico ao superior - em sentido micro dentro da administração do próprio Estado, precisa fugir dos parâmetros de transmissão do saber com a finalidade de capacitar o indivíduo para a acumulação de capital. Faz-se necessária a administração da educação de forma participativa, democrática, onde se estabeleçam metas de inserção dos indivíduos aos valores de cidadania e inclusão no mundo.

Cabe à escola como sempre coube, mas agora ainda mais, a tarefa de administrar conhecimento, mas além disso e talvez, principalmente, formar indivíduos conscientes, criativos, flexíveis, capazes de se ajustar a novas realidades, para construirem o seu próprio conhecimento globalizado. Os paradigmas atuais impostos pela nova economia global apresentam uma sociedade mais que nacional, portanto, exigem um indivíduo preparado, escolas e empresas preparadas, com aporte político e tecnológico que seja suficiente para a busca do desenvolvimento. Os indivíduos formados para enfrentar esta nova realidade do mercado de trabalho poderão contribuir para a sua própria empregabilidade e disputarem condições de permanência no mundo globalizado, caso contrário, assim como suas nações, estarão fadados à exclusão.

Aos gestores da educação resta estabelecer metas a curto e médio prazos para afrontar esta situação: há que se optar pela administração responsável, em que cada profissional da educação é parte do processo de desenvolvimento do país. Alunos, professores e pais precisam achar caminhos conjuntos para democratizar processos e realizar as ações de forma sistêmica, em que cada um se aposse de sua co-responsabilidade pela eficiência e pelos resultados. A escola, asism com as empresas, não deve mais permanecer como ilha do conhecimento, mas abrir-se ao diálogo tecnológico, político e democrático para formar cidadãos do mundo, capazes de enfrentar a realidade do desemprego avassalador que se apresenta com a globalização.

Já podemos constatar alguma reação contra este estado de coisas. O mundo universitário e o mundo do trabalho estão liderando a consciência de que algo, assim como está se configurando, não vai bem na economia global. Greves e manifestações contra a globalização estão eclodindo em países da Europa (nas férias primaveris dos universitários...), Ásia e América Latina, mas em nenhum lugar há proposta concreta e viável para retroceder este novo modelo de liberalismo. Os sindicatos não sabem como, os trabalhadores não sabem como, não sabemos como. O que sabemos apenas é que não podemos deixar de nos preparar e nos organizar cotidianamente, como empresas, escolas e indivíduos, para estarmos respirando em um mundo instável e em mudanças em todos os setores.





(Artigo encaminhado para publicação pela Revista Contato)



Referências Bibliográficas



Drucker, Peter - Os Novos Paradigmas da Administração, in Revista Exame, edição 682, de 24 de fevereiro de 1999 (originalmente publicado na Revista Forbess de 5/10/98, versão condensada de capítulo do livro Manegement Challengs in the 21th Century, de Peter Drucker, a ser lançado.).



Rollemberg Mollo, Maria de Lourdes - Globalização da Economia, Exclusão Social e Instabilidade - Texto para Estudo, in www.intelcto.com.br



Santos, Milton - O Recomeço da História, in Caderno Mais da Folha de São Paulo de 9 de janeiro de 2000



Nascimento, Elimar Pinheiro - Modernidade, globalização e exclusão: vertentes interpretativas, Revisado. in Desafios da Globalização, Dowbor, Ladislau, Ianni Octavio, ª Resende, Paul-Edgar (org.), Petrópolis, RJ:Vozes, 1997 pag.74 a 94.



Kumar, Krishan - A Sociedade da Informação, Capítulo II da obra: Da Sociedade Pós-Industrial - Novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. Pag 19 a 47.



Newton, ªP Bryan Conferência Novas Tecnologias e Educação - Vídeo Unb 2º Curso de Educação Continuada e a Distância, 1999.



Fórum de Discussão Unidade 1- Disciplina GSED, in http://vu.fe.unb.br - Virtual U - Unb, Faculdade de Educação, 2000.



Senge, Peter - A Quinta Disciplina - Arte e Prática da Organização que Aprende. Editora Best Selller - Círculo do Livro: SãoPaulo, 1998.



Revista Você S.A www.vocesa.com.br - Sobre fusões, aquisições de empresas.Ano 2, nº 16, outubro/99.



Kuenzer, Acácia Zeneida - O Impacto Tecnológico na Educação - in Coletânea de Textos do 2º Curso de Educação Continuada e a Distância, organizada pela Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.



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