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Erotico-->SECAS CONSOANTES? -- 06/06/2001 - 19:09 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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http://sesc.uol.com.br/sesc/convivencia/oficina/fraapresentacao_leit.htm
(Clique em "Livro vivo", no letreiro branco, ao pé da página).

http://www.gramaticaportuguesa.com/

http://www.portugues.com.br/





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ESTUDANDO CONSOANTES.


O tempo, hoje, é quente, quase deixa
Patrício pasmado, párvulo, pateta.
Não sou qüera para qualquer queixa,
Faço do fato fonte de fingir poeta.


Deparei-me, por acaso, com uns versos, sob o título de Palavra Verdadeira, que já estavam “prontos”, de há muito,

e inseridos entre as páginas de um livro, R.M. Rilke, Poemas, traduzido por José Paulo Paes, da Companhia das Letras.

E, deste mesmo livro, se não me falha a retrógrada, eu havia anotado: “Poesia metafísica, no sentido dado por T.S. Eliot,

sobre Chapman = apreensão direta e sensível do pensamento, ou recriação do pensamento em sensação”.

Relendo o que estava escrito sob Palavra Verdadeira, onde estava “Quero sentir a palavra”, lembrei-me dos meus seis

amigos para começar a recriar. Sentir o quê? Através de qual órgão? Sentir como? Onde? Quando? E, por mais recente,

por quê? E fui respondendo: em verdade, não posso sentir a palavra, mas os sons pronunciados por um aparelho

fonador ou reproduzidos pela minha memória, bem distintos uns dos outros, os fonemas, e o significado do conjunto

deles, que pode estar num só termo ou numa sentença. Isto é o que quero sentir? E o que são estes fonemas? Quero

ouví-los, ou usar da minha visão? Fosse cego, poderia ser pelo tato, além da audição, se não fosse, também surdo,

reconhecendo-os pelos seus peculiares contornos, se relevados. Pelo nariz, nem cego sentiria nada de uma palavra,

ainda que a tinta fosse fresca ou o hálito úmido da sua fonte baforasse as suas narinas. Neste caso, o nariz

sentiria a umidade dos perdigotos e a sinestesia entraria em ação, por causa de algum odor detectado pelo tato.

Pelo paladar, também, não poderia sentir nada, nem o cego.

Palavras — ainda que se refiram a doces feitos com frutas naturais, misturadas ao açúcar cristal ou os adoçantes

artificiais, a qualquer pudim feito com gostos-da-vida, goiabada... A deliciosos salgadinhos, suculentas

macarronadas, pizzas, lasanhas, croquetes, feijoadas, a qualquer prato baiano ou estrangeiro ou, ainda, a qualquer

azedume — não são sápidas.

Palavras, neste enfoque, seriam apenas veículos que transportam instantes, cheios de riqueza ou de pobreza. Que

enriquecem interiormente o Ser, quando viabilizam a criação do possível útil e os discernimentos entre o poder

querer ou não querer, o poder fazer ou não fazer, entre o poder sentir ou não sentir, entre o dever fazer e o não

fazer. Que empobrecem o Ser quando este envereda, através delas, pelo mundo impossível e inútil, levando-o à

servidão dos sentidos ou à escravidão involuntária, e o impedem de escolher entre o poder querer ou não querer,

poder sentir ou não sentir, entre o dever fazer ou não fazer. Ou seja, reduz-se ao não poder não querer, não

poder não fazer, não poder não entender... e outros "não poder não". Uma obediência de ordem senatorial...

Querendo já resumir, você pode dizer que as palavras seriam veículos de liberdade e de independência, as maiores

riquezas do Ser, ou de servidão e impotência, as maiores e mais predominantes pobrezas do Ser.

Mas, veja você o que o Tim, meu contador para assuntos marteláveis, havia rimado, em vinte de março de 1995, e

confronte-o com o que acabo de considerar sobre a palavra:

“A mesma que provo e cheiro,
A que se mexe sozinha,
Que penetra no quente bueiro,
E que se volta fria, cozinha.”

Coisa de louco, não? Quero dizer, compositores existem por aí, por toda parte, inclusive o Tim, mas, vem cá no

canto, bem, poeta é coisa difícil de tentar ser. Rimar qualquer um pode. Ver a veraz, “ververazoar”, fazer

poesia é simples, mas não é fácil. O jeito é tentar recriar o “pensamento em sensação”, ainda que correndo o

risco de a emenda ficar pior do que a soneca no plenário.

Assim, sendo melhor enriquecer as minhas modalidades de Ser, tento sair da minha pobreza, com a serenidade e a

curiosidade de quem quase sabe que sabe muito pouco, mas que vai até o rabo da palavra, seguindo os fonemas.

Busco nas palavras a consonância. Por isso, vou ao Aurélio e vejo os conceitos de “consoante”:


“Verbete: consoante, s.f. 2. Fon. Diz-se do fonema resultante dum fechamento ou dum estreitamento em qualquer
região acima da glote [v. zona de articulação], que funciona como obstáculo à passagem da corrente de ar. 3...
4. Fon. Fonema consoante (2).; consoante. [Classificam-se, em português:
a) quanto ao tipo de obstáculo oposto à corrente do ar, em oclusivas, fricativas, laterais e vibrantes.;
b) quanto à zona de articulação, em bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais e velares.;
c) quanto à ação das cordas vocais, em surdas e sonoras.;
d) quanto à ressonância nas cavidades bucal e nasal, em orais e nasais.
Nas oclusivas há uma aproximação completa ou fechamento momentâneo de dois órgãos da cavidade bucal. Segundo a
região em que este se processa, as oclusivas podem ser: bilabiais (lábio contra lábio): p, b, m, como em pote,
bote, mato.; linguodentais (ponta da língua e arcada dental superior): t, d, n, como em tal, dama, nada.;
palatais (dorso da língua e palato duro): nh, como em ninho, ganho.; velares (parte posterior da língua e véu
palatino): k, g, como em cata, gata.
Nas fricativas há uma aproximação incompleta de dois órgãos da cavidade bucal, e a corrente de ar comprime-se,
o que lhe permite passar por uma fenda estreitada. Segundo a região em que a compressão se processa, dando
lugar a um contato parcial, as fricativas podem ser:
a) labiodentais (lábio inferior e arcado dental superior): f, v, como em faca, vaca.;
b) alveolares (ponta da língua e alvéolos): s, z, como em sapo, cego, zelo.;
c) palatais (dorso da língua e palato duro): x (também representado por ch), j, como em xale, cheque, jacto.
Nas laterais há uma obstrução resultante do contato da língua com algum ponto da região central da cavidade
oral, escapando o ar livremente por um ou por ambos os lados da língua. Segundo a zona onde ocorre a obstrução,
as laterais podem ser:
a) alveolar (ponta da língua e alvéolos): l, como em lago.;
b) palatal (dorso da língua e palato duro): lh, como em galho.
Nas vibrantes há uma vibração da língua, provinda do contato intermitente desta com certa zona da boca. As
vibrantes podem ser: alveolares ou velares, conforme a vibração se dê na região dos alvéolos ou na região do
véu palatino, respectivamente:
a) alveolar (r - fraco - em posição intervocálica): aro, tiro.;
b) velar (a vibrante r nas demais posições): rato, régua.; carro, certo, guelra.; lar, ser.
Nas surdas não há vibração das cordas vocais.; ei-las: a oclusiva bilabial p.; a oclusiva linguodental t.; a
fricativa labiodental f.; a oclusiva velar k (c, antes de a, o, u.; qu, antes de e e i).; a fricativa alveolar s
(ss, entre vogais.; c, antes de e e i.; ç, antes de a, o, u.; x, como em próximo, sintaxe).; a fricativa palatal x
(quando equivalente a ch, como em xale, peixe, e também representada por ch, como em chave, chuva).
Nas sonoras há vibração das cordas vocais.; ei – las : a oclusiva bilabial b.; a oclusiva linguodental d.; a
oclusiva velar g (gu antes de e e i).; a fricativa labiodental v.; a fricativa alveolar z (também representada,
em posição intervocálica, por s: casa, uso, e x: exemplo, exato).; a fricativa palatal j (tb. representada por g,
antes de e e i, como em gemer, gíria).; a vibrante velar r (forte), como em rei, tenro, terra. Nas nasais a
corrente de ar ressoa, em parte, na cavidade nasal.; ei-las : a oclusiva bilabial m, a oclusiva linguodental n e
a oclusiva palatal nh. [Todos estes qualificativos de consoantes podem ser usados, substantivamente: uma
oclusiva, uma velar, etc.] “.

Depois de ler este quarto sentido do que seja consoante, fui relendo cada parte e gerando exemplos de

palavras que caracterizam cada grupo, em versos. Em lugar da quadra

“Quero sentir a palavra
Boa, bela, justa e verdadeira,
Bom que seja de lavra
Que ouço, leio e faço inteira “,

que tenta falar sobre os catalisadores que as modalidades promovem, a consideração e a admiração, para o

realizar e o ser, ainda que por um instante _ como ensina o Dr. Eli Bonini Garcia_, apareceu a cunhada:

“Quero sentir, fractalmente, a palavra.; não a sós.
Os mais graves e harmônicos, mas o somatório
De fonemas.; desde branda nascente até bela foz...
Como se diz de um rio que chega a promontório.”

Cunhada esta (quadra), inclino-me a lapidar a seguinte, dentre as que já estavam escritas. Capricho para

que não seja açucarada, salgada ou azeda. E emendo esta com outras, à medida que releio o significado

de ‘consoante’, influenciado pelo estilo de Rilke:

A mesma que é feita do que se opõe à corrente de ar”,
Fechando seus lábios, como flor que não se pode cheirar, por que mata
Qualquer inseto e dá seu bote certeiro, sem nunca errar,
Fingindo-se, ainda, de dama de tal, de belo ninho, que viandantes acata.

Em suma, a palavra, através dos fonemas, pode ser feita de oclusões bilabiais, linguodentais,

palatais ou velares. Isso para começar, de modo que me atraia, a ponto de querer continuar.

Para tanto, há de vir a que é feita de fendas estreitas, por onde passa o ar,
Como a sanfona do fole fotográfico, ainda que me façam voltar à vaca-fria...
Do zeloso sapo que era cego, mas que ninguém imaginava pudesse reinar,
Num piscar de olhos, de um jacto, tornando-se um príncipe por pura magia,

À beira de um lago, quando simplesmente esbarrado por um pequeno galho.
Oh, como ajudam as fricativas, sejam elas labiodentais, alveolares ou palatais.
Quando, com um pouquinho de esforço, lendo e relendo, não me embaralho,
Ao saber que algumas dependem do lugar de saída do ar para serem laterais.


E, em seguida, viria a que se compõe de sons vibrantes, como o aro da roda
Após receber tiro certeiro, cujo trajeto a perícia mede com a régua de precisão.
E nesta corrente haverá um momento de surdez, pasmos e tentações, a toda.
E canais onde os peixes se escondem do pescador que os chateiam, sem coração.

Rio abaixo, desce a que é feita de sonora vibração da corda vocal de uma guedé,
Que vê com exatidão sua presa na jebara próxima da terra, após curto gemido.
É aí que se faz a seguinte, com o guinchar nasalado da ave que mergulha até,
E faz de naca o bichinho, voa para seu ninho, para saciar o filhote preferido.“

E, com isso, você pode notar que, na tentativa de recriar pensamento em forma de sensações, quando

nada, você acabará por fazer uma boa coleta de palavras para cada categoria dos fonemas.

Mistura seus signos estereotípicos,
Recebe acréscimos e cortes,
Une formas a apelidos honoríficos,
Gera Homens,com suas sortes.

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