Usina de Letras
Usina de Letras
155 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->Em Homenaje ao aniversáro de Jorgim Sale, um pedacim de..... -- 09/06/2003 - 20:56 (Zé Limeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
...minha vida.

Fui nascido no sertão,
Fui hôme de pôco istudo
Pruqui sempre trabaiêi,
Fazendo um pôco di tudo.
Cumecei inda minino
Enfrentando o sol a pino,
A chuva, a lama, a cancêra,
E pulos fim de sumana,
Ia cêdim cortá cana
Rolá e vendê na fêra.

Eu era o irmão mais véi
Dos fios de pai e mãe,
E mêrmo cum doze anos
Eu inda tinha o tamãe
De um minino de nove,
Num hai no mundo quem prove
Que um jove mal nutrido,
Sempre desalimentado
Possa crescê desarnado
Ficando forte e cumprido.

Eu era um preto franzino,
Porém chêim de corage,
Trabaiadô e disposto,
Num digo pru pavulage.
Duro quiném um jumento,
Eu tinha o côro cinzento,
Tão curtido na puêra
Quiném côro di timbú,
Mi chamava papa-angú
A mulecada da fêra.

Mais sempre qui tinha tempo
Passava horas escuitando
Os cantadô de viola
No repente improvisando.
Assim foi disinvorvendo
E dentro di mim crescendo
O gosto pru cantoria
Juro pru nosso Sinhô
Foi ele qui mi insinô
Fazê verso i puisia.

Eu inventei um gazá
Com pedrinhas numa lata,
Passava horas sózinho
Cantando dentro da mata.
Num quiria tistumunha,
Só mêrmo as onça pizunha
É qui mi uvia cantá,
E as veiz té dava um esturro
Pensado qui era um burro
Qui tava ali a zurrá.

Assim o tempo passô,
E fui ficando escolado
Na arte do improvizo,
E dizê tudo rimado.
Qui um dia num arraiá
Mi adispuiz a cantá
Infrentando um cantadô
E cuma pouco eu sabia,
Inventava o qui dizia
E todo mundo gostô.

O cabra desesperado
Pruqui tudo eu arrespostava,
Cum muita facilidade,
Muita coisa eu inventava.
Ele foi desesperando
Pois ficava mi escuitando
Sem nada compreender,
Foi perdendo a paciêça
Pidiu: num cante ciênça
Mode eu pudê arrespondê!!

O povo todo vaiô
Quando ele falô assim,
Todo dinhêro qui tinha
Eles intregaro pra mim.
Eu hoje fico arrelembrano
Qui tinha catorze ano
Quando isto aconteceu,
Eu Mêrmo num intindia
Mais chôrei di aligria
Cum o dom qui Deus mi deu.

Ai me danei cantá
E também ganhá dinheiro
Cumecei a comê bem,
Fiquei um preto facêro,
Cresci muito e fiquei forte,
Adquire quase o porte
De um gigante do passado,
A força mi dominava
Qui aos dezoito ano eu tava
Com nove parmo, e pesado.

Aprindí a batê viola
Cum o ritmo di baião,
A minha voz ficô grossa
Qui paricia um trovão
Quando ribomba no céu
Mi danei andá ao léo
Procurando canturia,
Viajava o ano intêro,
Ganhando muito dinhêro
Pruqui nunguém mi vincia.

O resto vocês já sabe
Eu nem perciso dizê,
Mais pode sê qui um dia
Se eu mi arresorvê,
Conte cuma encontrei bela
E cuma casei cum ela
Morrendo de apaxonado,
Cumo inda continuo,
Se alembro dela me amuo,
Mêrmo sendo infumaçado.

Aqui né ôtro não, meus fí,é Limeirinha do Tauá, preto véi infumaçado que já morreu e num tem inveja di quem tá vivo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui