Reality show. É, já começa pelo nome estrangeiro. Idéia que fez sucesso em outros países meramente copiada e adaptada sob medida para o telespectador brasileiro. Mais uma vez ocorre a velha história; um sucesso inventado pela mídia e empurrado para o povo. Fica a pergunta: é sucesso por que é bom ou porque na falta de opção o telespectador é coagido a aceitar tudo o que a tv tem interesse em mostrar?
Parando para refletir, qualquer cidadão com um mínimo de inteligência perceberá que está fazendo papel de idiota ao ficar parado à frente da tv, assistindo a um bando de pessoas com as quais não tem (ou até então não tinha) nenhum interesse ou afinidade, brincando de ser artista, de ficar trancado em uma casa sem fazer nada de útil e enchendo os ouvidos do telespectador com as mais inusitadas besteiras, comendo insetos e coisas do gênero e tudo o mais que vem da grandiosa criatividade dos diretores destes programas. Talvez possamos explicar o sucesso destes programas pelo interesse das pessoas em observar como são as reações e os relacionamentos entre as pessoas com as mais diferentes personalidades, porém, esquecemos que para este tipo de observação, basta prestar atenção dentro de nossas próprias famílias, do nosso grupo de amigos, colegas de trabalho. Tudo o que venha ocorrer com os participantes em termos sentimentais, nos relacionamentos e nas reações a determinadas situações, ocorre na vida de todos nós diariamente, muitas vezes de uma maneira despercebida.
É como se involuntariamente e à distància, estivessemos fazendo o papel daquela vizinha bisbilhoteira, mas numa versão digital envolvendo audiência e muito, muito dinheiro. Ocorre uma completa manipulação do telespectador, ao ponto de os participantes chegarem a ser considerados heróis, ídolos até. Foi um insulto à inteligência de milhões, quando a vitória de Kléber, na primeira edição do Big Brother Brasil, foi considerada uma vitória de alguém que tipicamente representava o povo brasileiro em seu jeito de ser e atitudes. Por cometer incontáveis erros de português, foi julgado puro. A sua desinteligência foi confundida com uma qualidade a ser valorizada. Apenas constatou-se que o brasileiro típico não tem estudo, é ignorante e ponto final. Certo... a imensa maioria brasileira se enquadra nestas características. Mas e quanto a mim? E a você? E todos que podem até não fazer parte da elite da sociedade e nem ter um diploma universitário, mas que nem por isso deixam de ficar revoltados ao serem chamados de burros em rede nacional?
Muito triste, porém, felizmente a televisão é só um eletrodoméstico como qualquer outro e basta ter a vontade de desligá-lo ou mesmo trocar de canal e ter a sorte de encontrar algo interessante. Ao que parece, mais pessoas do que se imagina tem consciência disso. A prova é que as segundas edições de tais programas de tv, tiveram um índice de aceitação do público menor do que em suas versões originais. Ou seja, tratam-se apenas de mais uma onda passageira. Resta saber qual será a próxima. Resistir as imposições da mídia, ainda é a melhor maneira de não se tornar um escravo dela. E isso se estende a todos outros segmentos da sociedade, principalmente no que diz respeito à escolha de nossos governantes
