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Poesias-->Cigarro de palha -- 28/07/2000 - 08:47 (Sérgio R. Martos Evangelista) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje, à beira da janela,

eu senti a sua presença,

ao respirar o cheiro

do seu cigarro de palha.

Senti um calafrio na coluna vertebral,

os pêlos dos braços eriçados,

os olhos molhados.

Meu coração se encheu de alegria,

num átimo de segundo voltei à infância,

quando a sua figura firme e austera

me dava um mundo cheio de certezas

e sem nenhuma maldade.

Agora que o tempo passou

e eu já me fiz adulto,

sinto que dentro de mim ainda mora

aquele menino, que admirava a sua

tragada meditativa e prazerosa.

A sua presença não é gratuita,

ela vem-me trazer o encantamento

de minha infância feliz.

Assim, eu posso resgatar a alegria,

prisioneira do cotidiano conturbado,

e posso olhar o mundo e a vida

com o mesmo fascínio de então.

Com as forças renovadas pelo seu bálsamo,

prossigo a minha jornada,

feliz por reencontrá-lo nas

profundezas de minha alma,

meu avô querido.
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