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Contos-->Um Raio de Sol -- 23/09/2002 - 13:21 (Neli Ferreira Leal Amaral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seu nome era Maria. Uma Maria qualquer, como tantas outras!
Maria Ninguém! Maria em vez! Maria sem voz!
Ainda estava escuro quando ela sentou-se na cama e, tateando buscou o pequeno relógio para olhar as horas. Ainda era muito cedo, mas ela pouco dormira durante a noite.
Levantara-se várias vezes agitada, ansiosa, angustiada com as muitas preocupações: o aluguel prestes a vencer; a conta da luz, que mesmo com toda economia feita, viera alta demais; o material escolar das crianças, o gás que estava por acabar; o arroz e o feijão quase no fim; o desemprego do marido; a corrupção dos políticos, a miséria do povo...
Nesta noite de insônia, quantas coisas se passaram pela cabeça dessa mulher que se preocupava não só com a sua situação, mas também com a situação desesperadora dos seus semelhantes.
O marido, deitado ao seu lado, na velha cama, roncava. Bebera muito na noite anterior, numa tentativa inútil de esquecer os problemas e as dificuldades que se faziam presentes. Tão cedo não acordaria.
A mulher recostou-se no travesseiro e suspirou. Precisava encontrar forças para enfrentar o novo dia que se iniciava, mas o desânimo inundava todo seu ser e ela imaginava que tudo seria triste e cinzento. Sentia-se impotente, o coração dolorido, os sonhos desfeitos, as ilusões perdidas, os ideais ao léu.
Logo, o barulho da rua anunciava a manhã que chegava alvoroçada. Ela deixou os devaneios de lado, pulou da cama, esticou os braços para o alto, espreguiçando-se toda, tentando afastar a preguiça e a dor das costas.
Foi nesse momento que Maria notou um luminoso raio de sol que entrava pela fresta da janela, colorindo o velho lençol puído, como um retalho de esperança e de vida nova.
Ela o recebeu com um sorriso e viu que as trevas da noite davam lugar à luz. Era o dia clareando... Entre os escombros do seu coração, ouviu-se um gemido... Havia vida, e onde há vida a esperança marca presença.
O brilho do sol tem o poder de dissipar os medos e os dissabores da noite escura e ajuda a refazer os sonhos, a reencontrar as ilusões, a reconstruir projetos e a buscar novos ideais.
Ao perceber que o sol entra pelas pequenas frestas que deixamos, Maria Ninguém elevou aos céus uma prece de agradecimento e, sentindo-se dominada por um novo ânimo, endireitou o corpo e foi à luta. Saiu de cabeça erguida, respirando fundo, sentindo o sol em seu rosto, cheia de alegria, dominada por um sentimento enorme de otimismo e coragem.
Ela sabia ser uma simples Maria no meio da multidão que se atropela no dia a dia, cada um voltado para os seus próprios interesses.
Infelizmente é assim.
Porém, Maria Ninguém não queria isto para ela: queria olhar para os lados, olhar para as pessoas, dar e receber sorrisos e cumprimentos, ajudar e receber ajuda. Queria ser solidária e livre de todo preconceito que discrimina os “ninguém” assim como ela; queria ser respeitada como gente, como mãe, como esposa e principalmente como mulher.
Aquele raio de sol fora, para Maria, o sinal verde que ela tanto precisava. Ele parecia dizer-lhe: Fala Maria, a palavra é sua!
E assim, a cada manhã quando o raio de sol entrava pela sua janela, Maria renovava suas forças e suas esperanças. E , saía de peito aberto, levando seu amor a todos que encontrava, sempre com uma palavra de consolo, de ânimo e de incentivo.
Maria Ninguém sim...
Maria sem vez sim...
Mas nunca Maria sem voz!
Sua voz não mais se calaria, pois trazia no coração a certeza de que assim, um dia, chegaria a sua vez de ser Alguém.
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