O canto sublime agoniza
Por entre as veredas dos vicios.
A nevoa do mal se exterioriza
No ser, antes divino, agora artificio
Das coisas futeis e sem futuro.
E sao, meu Deus, justamente
As bestas-feras em seus monturos
Os que recebem os galardoes de gente!
Ficam os guerreiros os protagonistas
Dos sacrificios anonimos, os competentes,
Relegados a um plano niilista,
Enquanto se alcandoram os negligentes.
O temperamento do poeta e´ indocil,
Diante das injustiças aversivas.
Nao ha´ futuro para quem e´ util,
So´ os indignos recebem sua nobre missiva
De alforria, nas plagas do mal.
Convem aprendermos tambem,
A exercer tao criterioso fanal,
Chamado de mal que e´ bem.
E´ bem porque quem e´ mal
Recebe os apanagios na propria raiz.
E quem e´ do bem, recebe o mal
Em forma de degredo, dentro de seu pais.
Nao ha´ patria quando se vive mal.
Nem existe o mal quando se tem um pais.
(Jeovah de Moura Nunes)
do livro "Bar, Cachaça e Poesia"
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