Ana: tinha 16 anos e amava a pintura! Era muito boa aluna na escola B..., uma escola normal, mas muito melhor na de pintura, os pintores seus professores afirmavam-na genial, um génio! Ana amava Picasso acima de todos os outros pintores, e imaginava que juntamente com mais alguns pintores como eles, Ana e Picasso, fariam a revolução através dos seus pincéis, telas e cores,...
Na escola B... Ana deu a ideia de se fazer uma exposição com quadros e desenhos e rabiscos dos alunos; sem o seu conhecimento nem consentimento a exposição transformou-se num concurso de pinturas.
Carlos era um jovem reservado – não era muito falador e tentava sempre e ao máximo evitar discussões e confusões -, de convicções fortes e Católico, Ana por isso amava-o!
Carlos: Tinha 16 anos e amava! Era um aluno razoável da escola B... e gostava muitos de desportos. Acreditava em Deus numa altura em que era quase um pecado social faze-lo, não apregoava a sua fé ao mundo, antes pelo contrário tentava guardá-la o mais possível para si, as criticas que faziam aos crentes e à igreja não o demoviam da sua crença.
Ana pelo contrário apregoava aos ventos as suas convicções e defendi-as tanto quanto podia e não podia, era uma rapariga dinâmica e de grande força interior, Carlos por isso amava-a!
As diferenças de personalidade existentes entre os dois jovens tornaram-se um obstáculo quase intransponível, Carlos sentia-se invisível aos olhos de Ana; enquanto Ana, de certa forma, temia Carlos por este ser indiferente às ideias que ela exponha e defendia com tanta tenacidade.
Carlos desde o dia que tomou conhecimento do amor que Ana tinha pela pintura começou também ele a interessar-se por tal arte , viu no concurso de pintura da sua escola uma forma de fazer Ana reparar nele. Pelo que estudou a obra de grandes pintores e técnicas de pintura afincadamente. O artista que mais o encantou foi Dali. Como resultado o quadro que levou a concurso foi genial, como também o era o de Ana.
No dia da entrega dos prémios Ana e Carlos esperavam ansiosamente os seus prémios, Ana o reconhecimento da sua genialidade e da força revolucionária dos seus quadros, Carlos o reconhecimento do seu valor enquanto homem e artista por parte de Ana.
Ana como era de esperar , devido à sua fama, ao seu amor e dedicação à pintura e a uma certa abertura do júri para pinturas racionais e revolucionárias, foi declarada vencedora, mas a obra de Carlos, apesar da parte sentimental se sobrepor à racional, devido à sua qualidade não podia ser ignorada, pelo que ao jovem pintor calhou o segundo lugar no concurso e o prémio revelação.
Ana depois de lhe passar a euforia devida à sua completa vitória, resolveu olhar com mais atenção o quadro de Carlos e decepcionou-se, pois descobriu que a sua vitória não fora total como tinha imaginado, mas sim parcial. Viu-se obrigada a concluir que por cada Picasso existirá sempre um Dali com pinturas anti-revolucionárias!