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Artigos-->A política externa das más companhias -- 06/07/2010 - 08:43 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Globo - 6/7/2010



Editorial



A política externa das más companhias



Há poucos dias, ao receber em Brasília o presidente da Síria, Bashar Assad, o presidente Lula elogiou a contribuição de Damasco para a paz no Oriente Médio. Obviamente, essa contribuição só existe na cabeça dos ideólogos do Itamaraty do B, que seguem dando as cartas na diplomacia brasileira. Para eles, a ética está em segundo plano e os fins justificam os meios. E assim o Brasil se afasta de sua tradição de equilíbrio na política externa.



Chocou o mundo, por exemplo, a reação do presidente Lula à morte do dissidente cubano Orlando Zapata, depois de longa greve de fome, que coincidiu com sua visita a Havana em fevereiro. Lula se deixou fotografar ao lado dos irmãos Castro, com cuja ditadura se mostrou solidário, e desmereceu a luta de Zapata e dos dissidentes cubanos por liberdade e democracia na ilha. Foi uma decepção para os que viam nele um defensor dos oprimidos, como parecia ser desde sua campanha para erradicar a fome no mundo. Agora mesmo, o governo brasileiro segue em silêncio diante da morte iminente de Guillermo Fariñas, outro prisioneiro de consciência cubano em greve de fome há cem dias. Lula está empenhado num giro de dez dias por países africanos, no qual exibe a desenvoltura de sempre para tratar com ditadores.



Como Obiang Nguema Mbasogo, há 31 anos no poder na Guiné Equatorial, país muito pobre mas que descobriu importantes reservas de petróleo nos últimos 15 anos. Em nome do pragmatismo e dos negócios, o governo brasileiro assinou um documento com o guineense, afirmando que ambos estão comprometidos com os direitos humanos e a democracia. Ora, só mesmo como piada, pois Mbasogo é acusado de fraudar eleições e de reprimir com extrema violência a oposição.



Ainda mais grave foi Lula ter apoiado a reivindicação do ditador de ter sua nação acolhida na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O português é apenas a terceira língua falada na Guiné Equatorial (as primeiras são espanhol e francês) e a CPLP não deveria abrir suas portas para um ditador reeleito em 2009 com 95,8% dos votos válidos, e em cujo Parlamento 99% dos deputados são do partido do governo. Segundo os ideólogos do Itamaraty do B, a opção do Brasil é "por integrar, não isolar". Belo discurso, mas há que ter limites, ditados pela ética e pelo bom senso. Foi o que faltou, por exemplo, na aventura iraniana de Brasília - a decisão de, junto com a Turquia, levar adiante uma negociação com o Irã sobre seu programa nuclear, com o objetivo de impedir a adoção de sanções contra o país pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O tiro saiu pela culatra, as sanções foram adotadas no dia seguinte e o Brasil ficou isolado.



A Turquia tinha razões estratégicas próprias para seu voto. O Brasil, só ideologia terceiro-mundista da década de 60. Desta forma, Lula tem malbaratado o prestígio conquistado nos últimos anos como líder de um dos países emergentes mais bem-sucedidos. Como tudo o que ele faz no plano interno tende a dar resultado - até porque ele se dissocia do que não dá -, o presidente passou a usar a mesma lógica na política externa. Mas, nesta, não há garantia de sucesso sem que princípios éticos e objetivos defensáveis sejam observados. Do contrário, o descrédito é certo.





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