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Infanto_Juvenil-->Sorriso Metálico -- 28/06/2002 - 15:41 (Juliana Hermano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SORRISO METÁLICO


Mari era uma menina linda! Tinha olhos verdes, cabelos claros e compridos. Era muito vaidosa, tanto que vivia desfilando em frente ao espelho.
Vestia os vestidos de sua irmã mais velha, os sapatos de sua mãe, e passeava pela casa, sendo elogiada por toda a família:
_ Como está linda! – dizia a mãe.
_ Já é uma moça! – falava orgulhoso o pai.
_ Essa é a modelo da vovó! – sonhava a avó.
Mari ficava feliz em saber que era linda, mas queria que todos achassem o mesmo, e não somente sua família.
Quando ia para a escola, ela se maquiava, passava um bom perfume, e amarrava um lencinho de seda no pescoço – considerava o uniforme “ fora de moda”.
No colégio, era admirada por todos. Os garotos a elegeram a menina mais bonita de toda a escola, e as garotas cochichavam entre si, dizendo:
_ Será que sua mãe não diz nada sobre essa maquiagem? – indagava uma garota.
_ Ela até parece uma anã vestida assim, tão pequena e tão enfeitada. – caçoava a outra.
Mari não se importava com estes comentários e achava que tudo não passava de pura inveja.
Mais uma tarde passou, e o desfile em frente ao espelho continuava. Ela ficava namorando seus olhos claros, penteando seus longos cabelos, de várias maneiras, fazendo micagens como as modelos que aparecem na televisão.
Mari só não gostava de sorrir. Seu sorriso era sempre com a boca fechada, fazendo uma marquinha simpática nas maçãs do rosto. Dizia que era seu “charme”.
Na verdade, ela sentia vergonha de seus dentes, que eram tortos pelo fato de ter tido o péssimo hábito de chupar o dedo quando bebê.
Sua mãe queria levá-la ao dentista, mas Mari tinha pavor do barulho daquele “motorzinho”.
Um belo dia, ou melhor, em um péssimo dia, Mari ficou sabendo que seria obrigada a usar aparelho nos dentes. Ela fechou a boca e não abriu mais, em forma de protesto, e o dentista não conseguiu terminar o seu trabalho.
Mas o pior ainda estava por vir. O aparelho que ela precisava usar era aquele que prendia no pescoço, apelidado de “capacete”.
Ao receber esta informação, Mari gritou:
_ Ahahahahah! Que horror, eu vou parecer um robô!.
A mãe de Mari explicou que seria melhor ela usar, que ainda era novinha, pois, quando crescesse, a vergonha poderia ser maior.
_ Imagine o seu namorado te vendo assim, quando você crescer, filha! Aí sim, seria um horror! – dizia a mãe.
Nada convencia a menina de que usar aquele monte de ferros amarrado na boca (e no pescoço) seria para o bem dela. Mas não houve outra saída.
Na semana seguinte, Mari chega a casa de modelito novo.
Foi elogiada por toda a família, mas ignorou a todos, trancando-se no quarto e por lá permaneceu todo o dia. Chorava muito. Imaginava como que o pessoal do colégio iria olhá-la. Todos ririam desse visual metálico.
Passada a grande tristeza, Mari decidiu que iria para o colégio na manhã seguinte; precisava enfrentar esta situação.
Ao acordar, aprontou-se como sempre para ir à aula, agora com o novo aparelho à mostra.
Mal pisou no colégio, todos pararam para olhá-la. Algumas meninas davam risadinhas e cochichavam escondido; os garotos trataram logo de inventar apelidos:
_ Robozinha!
_ Parece um andróide!
_ Você está horrível!
Mari se conteve por um tempo, mas depois não agüentou e correu chorando para o banheiro, para ligar para sua mãe (ela era tão “chique” que tinha um celular só seu).
Uma outra garota que estava no banheiro essa hora, viu o desespero de Mari e foi consolá-la.
Essa garota era uma morena, também muito bonita, que já estava na oitava série e se chamava Bia.
Contou-lhe que também já havia usado um aparelho daquele tipo, quando tinha dez anos e que, no começo foi difícil, ficava com vergonha dos outros, mas que, após alguns dias, ela e todos os seus amigos se divertiram com o novo visual.
Foi quando Mari teve uma brilhante idéia! Agradeceu à Bia pelos conselhos e saiu correndo para voltar à aula.
Entrou na sala, orgulhosa como sempre, sentou em sua carteira e assistiu a todas as aulas normalmente.
Foi para casa elaborar seu plano.
Chegou tão depressa, que mal cumprimentou sua avó; entrou no quarto, trancou a porta e pegou seu estojo de maquiagem.
Testou algumas sombras, batons, brilhos...até que chegou ao ponto que queria. Pensou:
_ Amanhã eu quero ver quem vai rir de mim.
No outro dia, levantou mais cedo que o normal (mal conseguira dormir) e, no horário exato, chegou ao colégio.
Surpresa geral. Todos estavam estupefatos!
Mari desceu do carro, cumprimentou alguns colegas e caminhou em direção ao pátio do colégio (como se estivesse em uma passarela de moda).
Não se ouvia nenhuma risada, todos admiravam sua coragem e autenticidade. Naquele momento, uma nova moda havia sido criada.
Mari usava uma maquiagem metálica, seu cabelo estava preso em “coque”, com alguns fios arrepiados com gel. Carregava um colar feito de alfinetes (ela mesma o confeccionara) e seu aparelho “moderníssimo”, que deu o toque final no “modelito”.
As garotas pediam-lhe que ensinasse a elas aquela pintura tão diferente, tão nova.
Mari, apesar de orgulhosa, tinha um bom coração, por isso organizou um curso de maquiagem para suas amigas, em sua própria casa. Foi um sucesso!
Durante o restante do ano escolar, todas as garotas andavam como Mari, que se havia tornado um ídolo no colégio, e conquistado muitas amizades também.
Os anos se passaram, e Mari continua linda, tendo sua beleza apreciada pelo mundo todo, enquanto desfila nas passarelas de Milão.
_ Eu sabia que minha neta seria modelo. Eu sabia! – sorri a avó, assistindo ao desfile pela televisão.



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