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Cronicas-->Brincando de ser Deus -- 20/07/2002 - 00:50 (Rafael Gonçales Tarifa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Brincando de ser Deus

Sabe, faz muito tempo que me contaram esta história. Não lembro bem que a contou.Talvez foi minha mãe ou minha avó. Só lembro que quem a contou, disse que era importantes saber isso, e blábláblá. Não sei se a conheces, mas tenho certeza que é das melhores histórias que conheço, apesar de ser meio maluca, mas mesmo assim acredito que vais gostar.
Um dia qualquer, um moleque surgiu do nada, e, por mais incrível que pareça, ele não tinha nome. Acontece que ele era muito mimado, e não queria saber o que as outras pessoas pensavam, acreditava ser dono da verdade, e ser também o melhor de todos. Apesar de todo esse egoísmo medíocre e infantil, todas as pessoas que conhecem a história sentem compaixão por ele.
Diz a história que ele era órfão desde o momento de sua concepção, e dizia a todos que surgira do nada, e o mistério de sua aparição era só ele quem deveria saber - na verdade ele acreditava na cegonha - Quando ele apareceu era noite, escura como o breu e suave como seda, e ele começou a berrar como um louco e seguiu-se isto até o surgir do Sol, quando ele finalmente parou seu berreiro e resolveu brincar. Só que, por morar longe de tudo, e não ter brinquedos, resolveu brincar com o que ele achasse. E ele achou nada, e de nada brincou, aí ficou tão nervoso que falou uns palavrões...
Quando parou, viu que estava numa poça de barro, e começou a chutar freneticamente, como louco. Salvo engano, chutou tanto que a água se separou do barro e formou uma espécie de lago. Então ele parou de chutar e fez do lago uns riozinhos, e resolveu fazer uma cidade.
Não demorara muito e sua cidade tinha lagos, terras, montanhas, mas ele sentiu falta de algo. Logo viu que o que faltava era um verde para harmonizar o ambiente, então colocou umas plantas e viu que era bom. Passou um tempo e ele achou falta de algo, colocou então uns bonecos os quais batizou de animais. Assim ele se sentiu o maioral entre os animais, lhes determinou que dominaria sobre eles, mas os fez ignorantes, e não o obedeciam, então sentiu falta de algo novamente. Queria algo que lhe dissesse: --- vai e ele vai, vem e ele vem, algo que pudesse mandar sem ser questionado, afinal odiava não ter a razão e ser desobedecido. Logo, ele pensou em criar algo parecido com ele, -afinal ele pensava ser perfeito - e se sua nova criação fosse semelhante a ele, seria melhor que as outras criaturas, e sua cidade ficaria melhor.
Sabe, é nessa parte que me questiono toda vez que penso nessa história. Por que ele fez essa cidade, e lhe enfeitou de verde, e lhe pós animais, e fez um animal semelhante a ele? Será que ele não sabia ser muito mimado e infantil, e que por assim ser, iria acabar por destruir tudo?
Nossa, ainda não devia ter lhe contado parte.
Vou voltar de onde parei. Bom, eu dizia que ele criou uma espécie de boneco, o qual modelou de barro e que era semelhante a ele, e lhe pós o nome de homem, e lhe encarregou de cuidar do jardim da cidade. Só que o homem sentia-se só. O moleque percebendo que ele precisava de um complemento, o fez dormir, e com o próprio boneco fez outro boneco, o qual chamou mulher, assim o homem se sentiu melhor e tinha com quem passear e conversar - afinal o moleque era muito chato -.
O moleque lhes ensinou o nome de tudo que pós na cidade e lhes mandou cuidar do jardim. Ele lhes falou que poderiam comer de tudo, menos uma fruta que estava no meio do jardim (o moleque dizia que a fruta, se comida, os faria sábios como ele, mas não lhes contou.), então o único que a podia comer era ele, (pois se o homem fosse esperto como ele, acabaria vendo sua maldade e não aceitaria mais sua brincadeira) e ai, se fosse desobedecido...
Acontece que um animal disse ao homem que deveria comer a fruta, pois ficaria inteligente. O homem acabou por comer a tal da fruta, que era uma maçã, e quando o moleque chegou para ver o jardim, e viu a fruta consumida ficou furioso. Disse ao homem que era desobediente e mal criado, e que seria castigado por ter comido a fruta e blábláblá. O pobre do homem ficou isolado junto a sua mulher fora da cidade, num deserto, e tiveram alguns filhos, e netos.
E o tempo passou...Muito tempo se passou...
Depois, ao cansar-se de brincar, o moleque ainda furioso com o homem por o ter traído - mesmo ele sabendo que isso iria acontecer - resolveu acabar com tudo, tirou dentre as criaturas aquelas que ele bem quis, e as prometeu num outro dia, e noutro lugar, uma nova brincadeira - mas ele ainda seria o chefe - Por fim, amaldiçoou o homem e sobre a cidade jogou pedras e galhos secos, sobre os quais ateou fogo, fazendo suas criações arderem, e aos poucos as foi devolvendo ao inferno apocalíptico de onde as criara.
Agora lhe pergunto, se o moleque se julgava tão superior a tudo, sendo capaz de ver tudo, estar em tudo, fazer tudo, ser dono do passado e regente do futuro, por que ainda assim fez o homem, se sabia que ele lhe desobedeceria, e iria destruí-lo, por que? Será que ele só estava brincando de ser Deus?...


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