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Poesias-->QUADRAS SEM SAL -- 06/12/2002 - 10:03 (Jeovah de Moura Nunes - 1) |
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Metropole fugaz e gigante,
Ruminando ferozes buzinas,
Jamais escrito por Dante
Ou visto por suas retinas.
Sinal verde para a morte.
Apito hostil em cruzamentos.
Um lar a quem tiver sorte,
Ou um corpo rodeado de lamentos.
Hipocondria em cada canto.
Negocios fechados! Prosperidade!
Alegria num olhar, noutro o pranto.
-Taxi! Taxi! Toca pra Liberdade!
Faixa de travessia,
Gargalhadas, altos brados.;
Noites de orgia...
Um carro sendo multado.
Necropole em atividade,
Autopsia em plena rua.
Um homem correndo sem finalidade,
Uma mulher toda nua.
Vitrines em grande desespero.
Consumidores em longas filas.
Sal apenas como tempero.
Agua potavel que se destila.
Grita forte um vendedor.
Agita o punho um motorista.
Vive o poeta de camelo
E nao ha quem lhe assista.
Edificios por toda parte,
Transito descomedido.;
O assalto e´ uma arte
Pelo urbanista aplaudido.
Nao ha´ mesmo respeito
Por estas pequenas quadras,
O homem ja´ esta´ desfeito
E as mulheres apenas ladras.
O poeta se recolhe
Como criança assustada,
Na poesia que o tolhe
Da metropole escarnicada.
(Jeovah de Moura Nunes)
do livro "Pleorama" pag. 69/70
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